O escultor, gravador e desenhista Sérvulo Esmeraldo morreu na tarde de quarta-feira, 1º, aos 88 anos, em Fortaleza. Seu velório foi realizado na capela do Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado, em Fortaleza. O artista era considerado um dos principais representantes do construtivismo brasileiro, tendo iniciado sua carreira nos anos 1940, quando frequentava o ateliê livre da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, em Fortaleza. Sua última exposição foi realizada no ano passado no Crato, sua terra natal.
Esmeraldo já havia sofrido um AVC e a mostra, segundo a galerista Raquel Arnaud, deu uma sobrevida ao artista.
A marchande que acompanha a trajetória de Sérvulo Esmeraldo desde os anos 1970 e comercializa sua obra, destaca a sua seriedade como artista geométrico. Há dois anos, o IAC – Instituto de Arte Contemporânea, entidade cultural criada por ela para preservar documentos e difundir a obra de artistas brasileiros de tendência construtiva, organizou a exposição O Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo. A mostra foi realizada após a instituição receber em comodato parte do arquivo documental e acervo de Esmeraldo, que ficou guardado intacto por cerca de 40 anos no ateliê do artista e amigo argentino Júlio Le Parc, em Paris, cidade onde Sérvulo viveu e trabalhou por mais de 20 anos.
Esmerando mudou para São Paulo em 1951. O trabalho temporário na Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) despertou seu interesse pela matemática e teve ressonância em sua carreira. Em 1957, trabalhando como ilustrador do Correio Paulistano, expôs individualmente no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) uma coleção de gravuras de natureza construtiva. O rigor desse trabalho garantiu ao artista uma bolsa de estudos do governo francês.
Em Paris, frequentou o ateliê de litogravura da École Nationale des Beaux-Arts. Na década de 1960 dedicou-se a projetos movidos a motores, ímãs e eletroímãs. Sua série mais conhecida do período é Excitables, trabalho que o destacou no cenário da arte cinética internacional. Em 1977 voltou ao Brasil, trabalhando em projetos de arte pública que incluem esculturas monumentais na paisagem urbana de Fortaleza, cidade para onde se mudou em 1980 e que hoje abriga cerca de 40 obras de sua autoria.
Foi o idealizador e curador da Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras (Fortaleza, 1986 e 1991). Com diversas exposições realizadas e participação em importantes salões, bienais e outras mostras coletivas na Europa e nas Américas (Bienale de Paris, Trienal de Milão, Bienal Internacional de São Paulo, entre outras), sua obra está representada nos principais museus do país e em coleções públicas e privadas do Brasil e exterior. Em 2011, a Pinacoteca do Estado organizou importante retrospectiva da obra do artista. Em 2012, a Galeria Raquel Arnaud, que o representa desde 2009, apresentou um recorte de seu trabalho na exposição Simples como um Triângulo. Sua última exposição foi em 2016, A Linha, a Luz, o Crato na sua cidade natal, Crato, no Ceará