Heloisa Jahn foi um farol para gerações de tradutores brasileiros. Ela morreu nesta segunda-feira, 27, aos 74 anos em sua casa em São Paulo, cidade onde era radicada desde 1985. A causa da morte não foi revelada. Carioca, ela cresceu no sul do Brasil, na pacata Montenegro e também na capital Porto Alegre.
Mudou-se para São Paulo na década de 1960 para cursar filosofia na Universidade de São Paulo. Estudante e ativa na vida intelectual, ela, como tantos companheiros da época, conheceu o exílio por causa da ditadura. Viveu em Paris em boa parte da década de 1970 e lá aperfeiçoou as habilidades com idiomas. Como tradutora, foi uma das profissionais que abrilhantaram o time da extinta Brasiliense, de Caio Prado Júnior (1907-1990).
Jahn passou pelas principais casas editoriais do País, como a também extinta Cosac & Naïfy, referência nos projetos gráficos e traduções feitas a partir da língua original. Na Companhia das Letras, ela traduziu obras de Gore Vidal (1925-2012), Ricardo Piglia (1941-2017), Jorge Luis Borges (1899-1986), George Orwell (1903-1950), Charles Dickens (1812-1870) e grande elenco.
No último ano, Jahn mantinha uma coluna mensal no site da livraria Megafauna, seu último texto, publicado no dia 9 de junho, é sobre a seleta de contos do escritor Marcelino Freire.