Estadão

Morre Léa Garcia aos 90 anos; atriz receberia homenagem no Festival de Gramado nesta terça

A atriz Léa Garcia morreu nesta terça-feira, 15, aos 90 anos. A informação foi confirmada pela família da artista por meios das redes sociais. Léa estava em Gramado, no Rio Grande do Sul, para participar do Festival de Cinema de Gramado. A causa da morte não foi divulgada.

Léa Garcia seria homenageada na noite desta terça-feira no Festival de Gramado, ao lado de Laura Cardoso, com o troféu Oscarito. As duas foram vistas juntas no sábado, 12, em uma das sessões do festival.

Léa, homenageada agora pelo conjunto da obra, já ganhou Kikitos, por <i>Filhas do Vento, Hoje tem Ragu</i> e <i>Acalanto</i>. A atriz também já foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme <i>Orfeu Negro</i>.

A atriz soma mais de 100 produções, incluindo cinema, teatro e televisão, e continuava no pleno exercício da profissão. Recentemente, ela estava em negociação para reviver a personagem Chica Xavier no remake da novela <i>Renascer</i>, segundo informações do jornal <i>O Globo</i>.

A artista esteve em cartaz nos palcos de São Paulo no final do ano passado ao lado de Emiliano Queiroz. Os dois apresentaram o espetáculo <i>A Vida Não é Justa</i>, dirigida por Tonico Pereira, no Sesc Santana.

Neste ano, Léa havia participado do lançamento da biografia <i>Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia</i>, escrita por Julio Claudio da Silva. Nascida em 11 de março de 1933 no Rio de Janeiro, a atriz teve grande importância ao coroar o espaço de artistas negros na dramaturgia brasileira.

<b>Ativismo antirracista</b>

Foi aos 16 anos que Léa conheceu o Teatro Experimental do Negro (TEN), trupe liderada por Abdias do Nascimento, conforme a biografia traçada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos afro-brasileiros (Ipeafro). A estreia da atriz nos palcos se deu em 1952, com <i>Rapsódia Negra</i>, em que ela interpretava uma poesia de Castro Alves. Demorou para que Abdias a convencesse a atuar, mas Léa estaria presente em sete montagens do TEN.

Foram inúmeros os espetáculos em que Léa esteve presente com sua voz firme. Dentre elas, estão <i>Anjo Negro</i> e <i>Perdoa-me por traíres</i>, de Nelson Rodrigues, além de outros clássicos, como <i>Orfeu da Conceição</i>, de Vinicius de Morais e Tom Jobim, Piaf, ao lado de Bibi Ferreira, e Romeu e Julieta.

Léa também colecionou participações em filmes, como <i>Ganga Zumba</i> e O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues.

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