Um dos artistas principais da arte indígena contemporânea no Brasil, ao lado de sua companheira Daiara Tukano, morreu nesta terça-feira, 2, o pintor macuxi Jaider Esbell, aos 41 anos. A causa não foi revelada pela galeria que representa o artista, a Millan, nem pela família do pintor, mas o corpo será levado para Boa Vista após a autópsia – é provável que tenha sido suicídio, mas essa informação não foi confirmada. Segundo a marchande Socorro de Andrade Lima, da Millan, Esbell, que está representado na Bienal de São Paulo, foi igualmente reconhecido lá fora, a ponto de o Centre Pompidou adquirir duas obras suas na semana passada.
A galerista destacou a capacidade de articulação de Esbell não só como artista, mas como aglutinador de criadores de várias etnias, alguns participantes da Bienal como ele. São cinco nomes brasileiros e quatro de povos originários de outros países que participam do evento. Defendendo a causa indígena tanto como a inserção de artistas indígenas no circuito, Esbell teve uma participação essencial no protagonismo desses artistas no mercado.
As obras (pinturas, esculturas) de Esbell podem ser vistas na mostra Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), como parte da Bienal de São Paulo.
Em fevereiro deste ano ele apresentou, em sua individual na Galeria Millan, pinturas em que a figura central era o jenipapo, planta com papel essencial na cosmogonia makuxi, etnia da qual faz parte. O artista nasceu em 1977, em Normandia, no estado de Roraima, na terra indígena Raposa Serra do Sol, e se mudou para Boa Vista aos 18 anos. Militante pela causa indígena desde então, ele via a arte com o um instrumento político em defesa dos primeiros habitantes do País.
Segundo a marchande Socorro de Andrade Lima, a Galeria Millan estava em negociações com o artista para o lançamento de um livro sobre a sua obra, possivelmente com prefácio de Ailton Krenak, mas a edição terá agora de ser negociada com sua família.