Em 1965, quando ninguém ouvira falar de Mira Schendel na Inglaterra, ele organizou uma exposição na galeria Signals, exibindo sua obra e a de outros artistas concretos e neoconcretos brasileiros. Durante mais de meio século, ele manteve um intenso intercâmbio cultural com o Brasil, que incluiu exposições montadas aqui e troca de correspondência com vários artistas contemporâneos brasileiros e galeristas como Raquel Arnaud. Infelizmente, Guy Brett morreu na segunda-feira, aos 78 anos, em decorrência de complicações do mal de Parkinson, segundo sua esposa. Guy Brett foi para a Inglaterra o que Mário Pedrosa representou para o Brasil: uma voz lúcida e olhos privilegiados, capazes de identificar a importância da citada Mira Schendel e Hélio Oiticica como vetores da arte contemporânea brasileira.
"Ele foi um grande amigo e colaborador", diz a marchande Raquel Arnaud. "Em dezembro, me enviou seu livro The Crossing of Innumerable Paths sobre artistas latino-americanos", completa, destacando o papel que Guy Brett teve na promoção de criadores do continente que não teriam acesso ao mercado europeu sem a sua generosa contribuição. Ele é autor do livro Brasil Experimental – Arte/Vida: Proposições e Paradoxos, que reúne ensaios sobre artistas contemporâneos do País e também organizou a primeira mostra de Hélio Oiticica na Whitechapel de Londres, em 1969, abrindo caminho para o artista.