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Morre o historiador Nicolau Sevcenko

O historiador Nicolau Sevcenko morreu na noite desta quarta-feira, 13, em São Paulo, aos 61 anos. A causa da morte não foi informada, mas, segundo sua mulher, Cristina, teria sido de enfarte.

Formado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP em 1975, Sevcenko foi professor da PUC-SP e da Unicamp. Também deu aulas em Harvard, onde ministrava história e cultura da América Latina e do Brasil.
Filho de imigrantes russos vindos da região da Ucrânia, Sevcenko dedicou-se especialmente ao estudo da cultura brasileira e do desenvolvimento de capitais como Rio e São Paulo.

Deixou outras importantes obras, como Literatura como Missão, em que trata do papel lógico da literatura, mas seu trabalho mais representativo deva ser A Revolta da Vacina, lançado em 1984 pela editora Brasiliense e reeditada em 2010 pela Cosac Naify. Trata-se de um clássico por detalhar os bastidores da maior convulsão social do Rio de Janeiro, ocorrida em 1904: pelas contas oficiais, a onda violenta de insatisfação popular durante a campanha de vacinação contra a varíola resultou em 30 mortos, 110 feridos, 945 presos e 461 deportados.

No livro, Sevcenko parte da rebeldia contra a imunização obrigatória para revelar tensões históricas profundas numa República que buscava se consolidar. E, por envolver história social, urbanismo, antropologia, saúde pública, a obra chegou a estar mencionada entre os 75 livros produzidos por professores da USP mais citados em trabalhos acadêmicos.

Sevcenko também sempre se interessou pela versatilidade da arte brasileira, aprendida justamente na adversidade. Em 2006, escreveu o artigo A Imaginação no Poder e a Arte nas Ruas, em que faz um sucinto levantamento das experiências estéticas dos séculos 19 e 20.

Também histórias curiosas não fugiam de sua atenção como o debate que suscitou em 2005 sobre a rua mais representativa de São Paulo – para ele, era a Rua São Paulo, próxima da Praça da Sé. “Era o espaço maldito da cidade onde, no século 18, a coroa portuguesa estabeleceu a forca, visível de praticamente todos os quadrantes da cidade, expondo assim cruamente a todas as gentes a força da justiça.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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