Opinião

Morte de Jéssica não deve passar despercebida

A reportagem publicada pelo Guarulhos Hoje mais comentada dentro do espaço reservado para leitores no portal GuarulhosWeb, nesta semana, foi sobre a trágica morte da jovem Jéssica Agnes do Nascimento, de apenas 21 anos, vítima de um acidente de trânsito na madrugada do último domingo, em plena avenida Paulo Faccini, uma das mais importantes vias da região central da cidade.


Segundo consta nos registros policiais, baseados em relatos de testemunhas, o Siena, que seguia pela rua Silvio Barbosa em direção a Siqueira Campos, onde a garota estava foi atingido na lateral por uma Parati que vinha pela avenida e. Após o acidente, o velocímetro desse carro estaria marcando 135 km/h, o que pressupõe uma velocidade mais que duas vezes superior ao limite do local. A jovem morreu na hora. Outros carros também foram atingidos.


Em março, o dono de um bar localizado a poucos metros veio a falecer quando seguia no mesmo trajeto. Na ocasião, o carro dele, um Astra, foi atingido por um Mini Cooper que também estaria em velocidade bem acima da permitida para aquela avenida. Passada a comoção daquele momento, praticamente nada foi feito. Nos finais de semana, principalmente nas madrugadas, a Paulo Faccini ainda serve como pista de corrida.


Neste momento, familiares e amigos de Jéssica organizam uma passeata, marcada para este sábado, como forma de chamar a atenção das autoridades sobre este acidente, numa demonstração evidente de que a sociedade está cansada de ver casos terminarem impunes. Nos comentários postados no GuarulhosWeb, isto fica bastante evidente. Muitos, antes mesmo de se realizar o necessário inquérito policial, já condenam o condutor da Parati. Alguns saem em defesa do rapaz, que também acabou hospitalizado, mas que deve responder por homicídio.


Lógico que ninguém pode ser considerado culpado antes de devidamente julgado. O problema que leva as pessoas a um julgamento antecipado são as evidências diante da tragédia. Afinal, ninguém – em sã consciência – poderia transitar pela Paulo Faccini na velocidade aferida pelo velocímetro do próprio carro. Ao pisar daquela forma no acelerador, em tese, o sujeito estaria assumindo os riscos e deve responder pelas consequências. Neste sentido, não é difícil chegar à conclusão de sua culpa. Mas – como deve ser – a ordem jurídica determina que lhe seja dada toda a chance de defesa, por mais que os fatos falem por si.


O que se quer, neste momento, é que a morte de Jéssica não seja apenas mais uma naquela ou em outras avenidas da cidade. Não se pode aceitar que uma jovem perca a vida de forma tão banal, em decorrência da irresponsabilidade de alguns. Também o poder público deve assumir sua parcela de responsabilidade por não conseguir deter esse tipo de prática. Nunca é demais lembrar que o município está infestado de radares fotográficos para flagrar excesso de velocidade. Porém, como é possível atestar, além de aumentar a arrecadação com multas, não conseguiram economizar essas vidas.

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