Noticia-geral

Mortes por vírus aumentam 8 vezes em PE e chikungunya é principal suspeito

Depois da microcefalia, outro alerta em saúde foi dado em Pernambuco, desta vez em torno da febre chikungunya. O Estado registrou neste ano um aumento inexplicado de oito vezes no número de mortes supostamente causadas por arboviroses (vírus transmitidos por insetos). São 191 óbitos sob investigação até a segunda-feira, 25, ante 23 no mesmo período do ano passado.

Uma equipe do Ministério da Saúde está há três semanas no Estado para investigar as causas das mortes. A Paraíba também relatou aumento significativo do número de óbitos e requisitou ajuda federal. Oficialmente, além de 12 mortes em Pernambuco, o País confirmou 3 óbitos na Bahia, 2 na Paraíba e 1 no Rio Grande do Norte.

O alerta para o aumento dos indicadores de óbitos partiu do professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Brito. “Boa parte dos pacientes que morreram apresentou sintomas relacionados à chikungunya”, disse.

O coordenador do Programa Nacional de Controle de Dengue, Giovanini Coelho, confirma a preocupação. “Há na literatura registros de casos graves relacionados à chikungunya. Mas a letalidade esperada é próxima de zero”, afirma.

Dos casos suspeitos de óbito de Pernambuco, 12 foram confirmados para chikungunya e apenas 1, para dengue. A gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Recife, Natalie Barros, conta que, até 2 de abril, dos 40 óbitos suspeitos de terem sido provocados por arboviroses na capital, 7 já foram confirmados para chikungunya. “A análise dos prontuários indica que, dos pacientes que morreram, 63% apresentaram quadro compatível com chikungunya: febre, dores fortes nas articulações”, completou Natalie. Embora seja prematuro, ela também considera forte a hipótese de uma ligação com a febre. “Nunca vimos isso na literatura.”

Dúvidas

“Há várias dúvidas que têm ainda de ser respondidas”, comenta Coelho. Entre elas, por que o aumento de casos foi identificado apenas neste ano, em Pernambuco, uma vez que a febre chikungunya já havia provocado em 2015 um número significativo de casos na Bahia? Por que outros países que tiveram epidemias de chikungunya não identificaram aumento das mortes? Os óbitos seriam provocados pelo próprio vírus ou a infecção levaria a uma desestabilização da saúde do paciente?

Uma das hipóteses é de que em outros países a doença não tenha sido identificada porque a epidemia não atingiu grandes proporções. “Foi o mesmo que aconteceu com a microcefalia”, afirma o professor. Já o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, George Dimech, pede investigação. “Há indícios de que a Colômbia enfrenta um fenômeno semelhante.”

Brito diz estar convicto da relação de causa e efeito. Ele observa que Pernambuco enfrenta neste ano uma epidemia pelo vírus, que, a exemplo da dengue e da zika, é transmitido pelo Aedes aegypti. “A letalidade por dengue nunca foi tão alta. Temos agora de investigar o fato novo: a chegada da chikungunya.”

Brasil

Os casos de chikungunya registrados no Brasil quintuplicaram em relação ao ano passado. Até o dia 2 deste mês, foram identificados 39.017 pacientes com suspeita da infecção. Há registros em todo o País e, à exceção do Amapá e do Piauí, todos os Estados apresentaram aumento expressivo nos indicadores. Em São Paulo, os relatos, também até o dia 2, passaram de 49 (2015) para 1.566.
Na Bahia, que enfrenta epidemia desde o ano passado, a doença fez 13.836 pacientes até o início do mês. Em Pernambuco, de onde veio o alerta sobre aumento de mortes, a infecção foi identificada em 8.315 pacientes. O Estado com maior incidência da doença é Sergipe, com 108,2 por 100 mil habitantes.

“O número de casos deve ser muito maior do que o oficial”, afirmou o professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Brito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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