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Motolância do Samu faz atendimento mais rápido às vítimas

Muito mais ágil para o socorro às vítimas, o serviço de motolância implantado em Guarulhos em 2010 gerou uma economia de mais de R$ 100 mil somente no segundo semestre de 2017 ao município, que hoje é considerado referência no Brasil na formação de motociclistas socorristas. Esse trabalho de sucesso tem salvado várias vidas na cidade. Foram 308 atendimentos efetivos nesse período, incluindo a realização de partos, reversão de paradas cardiorrespiratória, assistência a traumas, entre outros.
 
Os cálculos mostram que, enquanto uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) demora em média 10 minutos e 30 segundos para socorrer uma vítima, o tempo resposta da motolância cai pela metade, ou seja, é de aproximadamente cinco minutos e 30 segundos. A estatística é resultado de um estudo realizado pelo enfermeiro Valmir da Silva Lecca, acerca do Samu da Capital, para um curso de especialização da Universidade Federal de Santa Catariana. 
 
Além de muito mais rápido, o socorro por moto gera economia significativa ao erário público, uma vez que o custo da saída de uma ambulância de suporte básico por uma hora é de R$ 460.00, contra R$ 98,00 que é o valor gasto com a operacionalização de duas motolâncias pelo mesmo período. 
 
A redução de custo é resultado do atendimento por moto aos casos em que não há remoção da vítima ao hospital, por diversos motivos como: trotes, negativa de assistência e evasão do local. Hoje, esse tipo de ocorrência equivale a cerca de 50% dos chamados ao Samu. “O ideal é fazer da motolância um instrumento de primeira resposta e enviar a ambulância somente para atender os casos que precisam ser removidos”, explica o instrutor do Ministério da Saúde, Alberto Moreira Leão, enfermeiro do Samu Guarulhos.
 
Atendimento imediato
O serviço é operado por um enfermeiro, um técnico ou um auxiliar de enfermagem, que saem para o socorro das vítimas sempre em dupla. Ou seja, dois profissionais, cada qual com sua moto, sendo uma com equipamentos para o atendimento clínico e, a outra, para assistência aos traumas. 
 
Munidos com quase tudo o que tem dentro de uma ambulância de suporte básico, como kit parto, desfibrilador externo automático (aparelho utilizado para reanimar pessoas acometidas por distúrbios no ritmo dos batimentos do coração) e equipamentos para imobilização de fraturas, os condutores da motolância só não realizam o transporte até o hospital. No entanto, garantem o atendimento pré-hospitalar imediato necessário no momento de maior complexidade, para tirar a vítima do risco. 
 
“Cinco minutos podem fazer a diferença entre desfibrilar ou não um paciente e salvar sua vida. Realizado o primeiro atendimento, se houver necessidade de remoção, o profissional da motolância acionará o recurso mais apropriado para o caso atendido, ou seja, uma ambulância de suporte básico ou a de suporte avançado (UTI móvel), cujo custo de operação por hora é ainda mais alto, totalizando R$ 1.450,00”, destaca Alberto Leão. 
 
Frota
Hoje, Guarulhos conta com uma frota de nove motolâncias, sendo três da reserva técnica, duas que operam na região central da cidade e outras duas na base Zoonoses, (região de Bonsucesso). Por déficit de mão-de-obra especializada, ainda sobram duas motos para o atendimento. Conforme explica o instrutor do Ministério da Saúde, por se tratar de uma atividade de risco extremo, existe falta de adesão dos profissionais.
 
Outro problema apontado pelo instrutor é o grau de dificuldade do curso de formação de motociclista socorrista, cujo índice de reprovação chega a 61%. “Para trabalhar com motolância, o profissional precisa ser extremamente especializado, tem de ter habilidade acima da curva, senso de atenção e de risco muito maior que os pilotos do dia a dia”, explicou.
 
O enfermeiro do Samu Guarulhos explicou ainda que a condução de uma motolância é uma pilotagem de extrema precisão e atenção. “O condutor não pode errar nem se distrair. Tem de ser um profissional extremamente focado, porque ele tem de pilotar, prestar atenção no rádio, no GPS e já lembrar o que tem de fazer quando chegar até a vítima”, disse. 
 
No ano passado, Guarulhos sediou o último Curso Nacional de Formação de Motociclista Socorrista, que terminou em dezembro e contou com 26 instrutores do Ministério da Saúde, entre eles, o enfermeiro Alberto Moreira Leão, do Samu Guarulhos. Para o próximo, que será realizado em Itanhaém, litoral paulista, em data ainda a definir, Alberto já está convidando os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem da rede municipal de Saúde, interessados em participar e atuar nessa área.
 

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