Após se reunir nesta terça-feira, 15, com o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que sua filiação ao partido está "praticamente" decidida. Nas eleições de outubro, o general deve concorrer a uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul.
Mourão anunciou na semana passada a intenção de disputar uma vaga no Congresso. Na segunda-feira, 14, ele disse que considerava se filiar ao Republicanos ou ao Progressistas, ambos partidos do Centrão, grupo que dá sustentação ao governo no Legislativo.
"Conversamos sobre a minha candidatura no Rio Grande do Sul, alinhavando nossas percepções e a probabilidade de eu me juntar ao partido dele", disse Mourão, no Palácio do Planalto, após o encontro com Pereira. Ao ser questionado se a decisão estava tomada, o vice-presidente respondeu que "praticamente sim". O anúncio oficial, segundo ele, virá com o tempo.
Durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), Mourão acumulou divergências com o presidente. O chefe do Executivo chegou a dizer que o vice "atrapalhava", mas era como um cunhado a quem é preciso "aturar".
Bolsonaro e aliados chamam de "tríplice aliança" o suposto acordo já selado entre PL, Progressistas e Republicanos em torno da candidatura à reeleição. O Progressistas do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, deve ficar com a vaga de vice da chapa do presidente – se depender do Centrão, o posto será da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O desenho, no entanto, não agrada ao Republicanos, que se vê desprestigiado. Por isso, a legenda sobe o tom contra Bolsonaro e estuda apoiar outros candidatos ou até mesmo manter-se neutra nas eleições de 2022.
Na semana passada, o Republicanos decidiu vetar a possibilidade de integrar federações partidárias neste ano. Ao <i>Estadão/Broadcast</i>, Marcos Pereira afirmou que a bancada só decidirá sua posição na eleição nacional em abril, após a janela partidária. "O partido tem deputados que querem neutralidade, deputados que querem apoiar Lula, outros que querem Bolsonaro. Isso só vai ser discutido em abril", disse o dirigente.
Ao ser questionado sobre o descontentamento do partido de Pereira com a participação no governo, o vice-presidente nacional do PL, deputado Capitão Augusto (SP), disse ao <i>Estadão/Broadcast</i> que o Republicanos poderia ser recompensado com apoio para candidaturas a governos estaduais e ao Senado e com ministérios em um eventual segundo mandato de Bolsonaro.
<b>Cenário no Rio Grande do Sul</b>
Na semana passada, Mourão também afirmou que a composição com o candidato ao governo gaúcho está em aberto. "Tem dois pré-candidatos do nosso campo. Onyx e Heinze. Vamos aguardar para ver o que vai sair disso aí", declarou.
O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, pretende concorrer ao Palácio Piratini pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. O senador Luiz Carlos Heinze, filiado ao Progressistas e apoiador do presidente, também avalia entrar na disputa.
No Estado, partidos de esquerda estudam lançar uma candidatura única. A ideia é reproduzir a aliança que pode ser formada nacionalmente com uma eventual federação partidária entre PT, PSB, PCdoB e PV. Os petistas lançaram a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto, mas os socialistas tentam emplacar o ex-deputado federal Beto Albuquerque.
A federação cria uma "fusão temporária" entre as legendas que precisa durar pelo menos quatro anos, desde as eleições até o fim do mandato seguinte, o que pressupõe candidatura única a cargos majoritários como o de governador. Se a aliança for fechada, portanto, um dos dois precisa abrir mão de concorrer ao Piratini.
O atual governador, Eduardo Leite, voltou a reforçar nesta terça-feira, 15, que não disputará a reeleição, após encontro com o presidente do PSD Gilberto Kassab. O governador gaúcho recebeu convite para se filiar ao PSD com o objetivo de disputar o Palácio do Planalto pelo partido, caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desista de concorrer. Leite perdeu as prévias nacionais do PSDB, que consagraram o governador de São Paulo, João Doria, como o pré-candidato tucano à Presidência.
Kassab, porém, também tem mantido diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e não descarta uma eventual aliança com os petistas já no primeiro turno da eleição.