A audiência pública sobre a ampliação do aterro sanitário da empresa CDR Pedreira, convocada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) não chegou ao fim, na noite desta quinta-feira, 30/08, no Internacional Eventos, na Vila Hermínia. Movimento político contrário à obra infiltrou pessoas ligadas a movimentos de moradia de outros bairros e partidos políticos entre os moradores da região do Cabuçu e houve muita confusão. Por falta de segurança, o Consema suspendeu a audiência e deve marcar uma nova data para o procedimento, uma das etapas do licenciamento exigidas pela legislação.
Na prática, a atuação do movimento prejudicou os moradores do Cabuçu, que pouco puderam expor a contrariedade com relação à obra. Nem mesmo as apresentações sobre a ampliação e as contrapartidas que a empresa fará no bairro e no entorno puderam ser ouvidas.
Desde o início da audiência, manifestantes tumultuaram a reunião tentando invadir a área reservada para as autoridades. De tempos em tempos, grupos entravam em atrito com a segurança, empurrando grades de ferro e atirando cadeiras de plástico.
No momento de maior tensão, um manifestante acionou um extintor de incêndio. Houve corre-corre e a GCM usou uma bomba para dispersar a multidão. Algumas pessoas precisaram ser atendidas pelos socorristas do Corpo de Bombeiros, com ferimentos leves.
A própria comunidade do Cabuçú, que nas outras audiencias, chegou a protestar contra o aterro, demonstrou estar envergonhada com a ação dos políticos. Diversos manifestaram desaprovação e arrependimento por ter se deixado envolver por movimentos que se aproveitaram de forma política e eleitoral. Algumas lideranças informaram que pretendem conversar diretamente com o empreendimento e ajustar as contrapartidas sem permitir a politização.
Roubou o microfone
Durante os primeiros momentos da audiência, a vereadora Janete Pietá (PT) tentou usar a palavra antes de chegar sua vez na lista de inscrições. Depois das confusões e das várias interrupções, dirigentes do Consema tentaram retomar a audiência, mas houve obstrução. O ex-prefeito Elói Pietá (PT) pedia o fim da reunião dizendo que o povo havia sido expulso do local.
O deputado estadual Alencar Santana (PT) usou a palavra e, ao insistir em não passar o microfone para o próximo orador – por sinal um conhecido aliado seu – obrigou a nova interrupção, esta mais longa. Por volta das 20h, com o anúncio do fim da audiência por falta de segurança, o parlamentar devolveu o microfone à organização.
Esta não foi a primeira audiência encerrada antes do fim por conta da pressão de agentes políticos. No dia 12/06, na Câmara Municipal, bate-boca entre parlamentares do PT e dirigente da CDR também encerrou prematuramente audiência sobre o tema convocada pela Comissão de Meio Ambiente do Legislativo.