Em reunião com representantes de movimentos populares e das frentes “Povo Sem Medo” e “Brasil Popular”, no início da tarde deste domingo, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) sugeriu que lideranças dos movimentos assinem até quarta-feira um pedido de impeachment do presidente Michel Temer.
A base do pedido é a afirmação do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que Temer teria intercedido em favor do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima no caso edifício La Vue, em Salvador, embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao MinC.
“Estamos com uma peça jurídica pedindo o impeachment, mas a ideia é que não seja assinada por parlamentares, mas por advogados e representantes da sociedade civil”, disse Lindbergh.
Segundo ele, o objetivo é atrelar o pedido de impeachment de Temer a outras pautas, como a realização de eleições diretas para presidente e a retirada da PEC do Teto. “Entendemos que qualquer solução tem de passar pela legitimidade do voto popular”, afirmou o senador petista.
Os representantes se comprometeram a encaminhar a proposta aos movimentos em caráter de urgência e dar uma resposta até, no máximo, quarta-feira. “A ideia é apresentar o pedido até quinta-feira”, disse Lindbergh.
Participaram da reunião representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central de Movimentos Populares (CMP), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o ator Fábio Assunção, entre outros. “Avaliamos que ao que tudo indica, dada a participação do presidente no episódio, os movimentos devem avaliar a proposta de subscrever o pedido de impeachment de Temer”, disse Raimundo Bonfim, da CMP.
Protestos
Ainda no início da semana, representantes das duas frentes devem se reunir para traçar um calendário de mobilizações. Uma das propostas é a realização de um grande ato contra Temer no início de dezembro.
“Existe uma proposta de abertura de processo de impeachment pelo crime de responsabilidade, pelo achaque, o tráfico de influência no caso do Calero. Estamos discutindo essa perspectiva”, disse Guilherme Boulos, do MTST.
Hoje, Boulos lidera uma manifestação da “Frente Povo Sem Medo” na Avenida Paulista. O objetivo inicial é protestar contra a PEC do Teto, mas, diante do agravamento da crise política, a frente decidiu incluir o “Fora, Temer” na pauta do ato.