Estadão

MP da Argentina descarta motivação política em atentado contra Cristina Kirchner

O Ministério Público da Argentina encerrou, na segunda-feira, 29, a investigação sobre o atentado à vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner, em setembro de 2022, levando a julgamento os suspeitos Brenda Uliarte, Fernando Sabag Montiel e Gabriel Nicolas Carrizo. Kirchner criticou o MP por não ir além dos três nomes já conhecidos, chamando a decisão de "consagração da impunidade".

A conclusão da investigação foi de que não era possível comprovar a hipótese de os réus terem recebido financiamento externo ou qualquer pagamento para realizá-lo. Da mesma forma, a partir das provas coletadas, a promotoria afirmou que não foi possível considerar que houve uma organização de qualquer tipo, partido político ou apoiador, pessoa ou grupo de pessoas que tenham, de alguma forma, financiado, planejado, encoberto ou contribuiu de alguma forma para os acusados terem praticado o atentado.

A partir disso, o MP acusou o brasileiro Fernando André Sabag Montiel (que disparou o gatilho) como autor do homicídio duplamente qualificado por traição e auxílio premeditado de duas ou mais pessoas, agravado pelo uso de arma de fogo, e a sua namorada, Brenda Uliarte, como "participante necessária" no ataque, como autora da posse da arma utilizada e coautora do seu recebimento. Gabriel Nicolás Carrizo também foi acusado na investigação como participante secundário no ataque.

Em comunicado divulgado em sua página, a política afirmou que o promotor Carlos Rívolo, responsável pela investigação "omite-se por completo em avaliar tudo o que está relacionado com as linhas de investigação que apontam para pessoas que vão para além de Uliarte, Sabag Montiel e Carrizo". "Toda a investigação foi caracterizada por evitar saber a verdade", escreveu.

A vice-presidente da Argentina sempre defendeu a tese de que o trio, que sobrevivia vendendo algodão-doce, não era capaz de planejar um assassinato sem apoio de terceiros. Os advogados de Kirchner se manifestaram de forma contrária sobre a ida do caso para julgamento neste momento, defendendo que ainda há provas que devem ser consideradas e que podem levar a outros suspeitos.

Uma das críticas feitas pela equipe de Cristina Kirchner é de o procurador não se manifestar a respeito do apagamento do celular de Sabag Montiel, cujo conteúdo foi perdido no dia da tentativa de assassinato. A nota ainda cita uma investigação paralela a do atentado, onde constam pagamentos "injustificados" da família Caputo, em referência ao economista Nicólas Caputo, amigo próximo do ex-presidente da Argentina Mauricio Macri, e "possível lavagem de dinheiro" em torno de envolvidos no atentado.

O ataque aconteceu no dia 1º de setembro de 2022, em frente à casa de Kirchner, no Bairro da Recoleta, em Buenos Aires, enquanto a ex-presidente da Argentina cumprimentava militantes. Um vídeo gravado no momento do ataque mostra a vice-presidente cumprimentando a militância quando um homem aponta uma arma na sua direção. No vídeo, é possível ver Kirchner se abaixando e a segurança agindo rapidamente para deter o suspeito. Relatos afirmam que o gatilho chegou a ser apertado, mas nenhum tiro foi disparado.

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