O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou, nesta sexta-feira, 20, a líder religiosa Karla Cordeiro dos Santos Tedim, por praticar, induzir e incitar o preconceito e a discriminação contra pessoas negras e pertencentes à comunidade LGBTQIA+. No fim do mês passado, em transmissão ao vivo na Igreja Sara Nossa Terra, em Nova Friburgo, Karla pregou contra pessoas que ficam postando coisa de gente preta, de gay .
De acordo com a denúncia, a pretexto de enaltecer sua bandeira , Karla induziu e incitou menosprezo pelas pessoas de cor preta e por aquelas integrantes da comunidade LGBTQIA+, praticando discriminação e preconceito contra aquelas e suas causas ao enfatizar a vergonha que tais bandeiras importariam se fizessem parte das manifestações sociais dos seus ouvintes . As informações foram divulgadas pela Promotoria.
"Karla agiu com menoscabo e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais, assexuais, não binários e pessoas com orientação sexual e identidade de gênero diversas, ao zombar da sigla representativa da comunidade que os agrega", diz o documento.
Em nota, a Promotoria fluminense ressaltou ainda que a prática criminosa se deu através de discurso endereçado a jovens, destilando intolerância a pautas sociais de inclusão e cidadania com alcance presencial e remoto, potencializando o alcance da mensagem e, assim, o desvalor do resultado e as consequências do delito .
<a href="https://twitter.com/_doblues/status/1422268518809149443" target=_blank><u>Na live</u></a>, realizada no dia 31 de julho, Karla afirmou: "É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha. Desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi, é Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay. Para. Posta a palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta".
O Ministério Público do Rio afirmou que não foi proposto acordo de não persecução penal, no caso, sob o entendimento de que Karla praticou crime violador da dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da Constituição.
Após a repercussão do vídeo, a pregadora <a href="https://www.instagram.com/p/CSGEtOnMiet/" target=_blank><u>divulgou nota</u></a> em que pede desculpas pelos termos que usou durante a transmissão ao vivo e dizendo que não tem preconceito com pessoas de outras raças .