O Ministério Público do Paraná abriu uma investigação para apurar o uso do muro de uma igreja presbiteriana em Cascavel (PR) para propaganda ilegal de armas e a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso foi revelado pelo <b>Estadão</b>. As peças publicitárias foram colocadas por uma loja de armas vizinha ao templo religioso.
A promotoria paranaense informou, em nota, que serão apurados o suposto crime eleitoral e possível desrespeito à legislação que proíbe publicidade de armas. O Estatuto do Desarmamento só permite em publicações especializadas.
"O Ministério Público do Paraná, por meio da 12ª Promotoria de Justiça de Cascavel, irá instaurar notícia de fato para apurar o caso – tanto do ponto de vista eleitoral, quanto da proibição de veiculação de propaganda sobre armamentos – e adotar eventuais providências cabíveis", informou o órgão.
A imagem das peças publicitárias vinha circulando nas redes sociais. Há três quadros de pistolas vendidas pela loja, que fica ao lado da igreja. O muro divide os dois terrenos. Além das armas, o outdoor traz uma foto de Bolsonaro com a frase "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", slogan usado pelo presidente para atrair o público cristão em 2018.
O templo pertence à Igreja Presbiteriana do Brasil, cuja cúpula discutiu recentemente uma proposta para afastar os cristãos da esquerda. O pastor da unidade de Cascavel, reverendo Ednaldo Batista Ribeiro, é apoiador de Jair Bolsonaro.
Na campanha de 2018, ele fez uma pregação dizendo que "esta praga do PT tem que acabar, em nome de Jesus". Em abril deste ano, fez uma nova pregação dizendo ter uma mensagem divina para orientar os fiéis sobre como votar nas eleições de 2022. "Se aquele candidato é comunista, ele está contrário à Palavra de Deus", disse.
Ao <b>Estadão</b>, o líder religioso afirmou que o anúncio foi colocado pela loja de armas Pesca & Cia, que vende armas, munições e artigos esportivos. Ednaldo disse que não concordou com a propaganda, mas não teve o que fazer.
"Fica ruim para a igreja essa propaganda porque alguém que olha pensa que é nosso. Lamentamos, mas não temos o que fazer. Como estamos aqui há muitos anos, não vamos arrumar briga com o vizinho", disse o pastor. Procurados, os responsáveis pela loja não quiseram se manifestar.