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MPs do Mercosul querem ter acesso a informações do FBI sobre corrupção na Fifa

Países do Mercosul decidiram fazer um pedido conjunto aos Estados Unidos de informações até agora mantidas em sigilo sobre a investigação de corrupção envolvendo cartolas da Fifa. A iniciativa foi aprovada nesta quinta-feira, durante encontro em Ouro Preto (MG), por procuradores do Ministério Público de Brasil, Argentina, Paraguai, Equador e outros países.

A proposta partiu da Procuradoria-Geral da República do Chile, país-sede da Copa América, em meio a protestos contra o esquema de pagamento de propina a dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e suspeitas também contra a associação que representa o esporte no país andino.

De acordo com o FBI, dirigentes da Conmebol negociaram propinas de US$ 110 milhões (R$ 341 milhões) com a empresa Datisa (formada por J. Hawilla e pelos argentinos Alejandro Burzaco, Hugo e Mariano Jinkis, todos indiciados pelo FBI) em troca de contrato para comercializar publicidade e direitos de transmissão dos jogos das edições da Copa América de 2015, 2016 (Estados Unidos), 2019 (Brasil) e 2023 (Equador).

O torneio deste ano foi cedido pelo Brasil ao Chile em 2012, logo no início da gestão de José Maria Marin na CBF. Conforme procuradores do Mercosul ouvidos nesta quinta-feira, a cessão ao Chile é um dos episódios que precisam ser investigados.

O pedido de colaboração aos Estados Unidos será enviado pelo procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, à secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch. Janot preside o grupo de procuradores do Mercosul, que se reúne periodicamente para definir estratégias conjuntas de atuação. “Há vários países interessados no caso e o pedido é fortalecido se for feito em bloco”, disse Janot. Para ele, a questão é mostrar aos norte-americanos o interesse que o Mercosul tem de apurar os crimes em cada um de seus países.

EXTRADIÇÃO – O secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República, Vladimir Aras, explicou que solicitação será de “informações espontâneas”, ou seja, não serão requisitados documentos específicos.

Caberá aos Estados Unidos fornecer pistas ou dados sobre crimes cometidos pelos cartolas e demais envolvidos em cada país interessado. Janot receberá o material eventualmente fornecido e o compartilhará com os procuradores dos demais países, conforme a atribuição de cada um.

O pedido não interfere nos processos de extradição de cartolas, embora possa haver implicações futuras. Os presos foram reivindicados pelos Estados Unidos à Suíça sob o argumento de que cometeram crimes em solo americano. Contudo, se os países sul-americanos também detectarem delitos pode haver pedidos de extradição concorrentes. No caso de Marin, porém, não há nenhuma perspectiva de que o Brasil requeira sua extradição.

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