O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores (MRE), embaixador André Corrêa do Lago, disse nesta terça-feira, 2, que ainda há resistência à pauta dos biocombustíveis no âmbito do G20. Esse movimento, disse, vem de países com pequena extensão territorial, que temem o uso de terras agricultáveis para a produção desse insumo.
"É uma questão de desmistificação do tema, que está acontecendo. Essa resistência está diminuindo e a questão do SAF (<i>combustível de aviação sustentável</i>) tem ajudado nisso", disse. As declarações foram dadas em conferência do T20 no Rio de Janeiro. O grupo reúne think tanks do grupo das 20 maiores economias do mundo.
A União Europeia é um dos principais atores que resistem a abraçar incentivos aos biocombustíveis. Ainda assim, lembrou Corrêa do Lago, os países do bloco hoje absorvem toda a produção de etanol de segunda geração, por exemplo, o que já demonstraria um avanço da pauta.
Corrêa do Lago disse que os membros da Aliança Global para Biocombustíveis, formada por Brasil, Índia e Estados Unidos, estão "muito alinhados", o que fortalece a posição dentro do G20.
<b>Resistência infundada</b>
Corrêa do Lago definiu a preocupação dos países europeus como "absolutamente normal", mas lembrou que relatórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura é uma das agências das Nações Unidas (FAO) mostram que não há insuficiência na produção de alimentos no mundo e que, onde há problemas, eles são relacionados à distribuição.
"Todas as indicações da FAO apontam para direções que são diferentes dessa reação de alguns países. Então o argumento de que está se substituindo alimentos (por biocombustíveis) é errado, porque há alimento suficiente", disse.
"A gente tem de desmistificar esses temas, por mais que o aumento da classe média do mundo esteja fazendo com que o consumo de alimentos, evidentemente cresça", continuou.