A MRV&CO – conglomerado de empresas imobiliárias – teve prejuízo líquido atribuído aos acionistas da controladora de R$ 169,3 milhões no primeiro trimestre de 2024. O resultado representa uma reversão em relação a igual intervalo de 2023, quando o grupo reportou lucro líquido de R$ 30,6 milhões nos mesmos parâmetros.
Todas as divisões do grupo reportaram prejuízos no começo deste ano: MRV (R$ 104,3 milhões), Resia (R$ 48,7 milhões), Urba (R$ 12,2 milhões) e Luggo (R$ 8,5 milhões).
O resultado foi muito influenciado pelo efeito negativo de R$ 158,3 milhões da MRV do equity swap referente à operação de recompra da ações da companhia mediante instrumento financeiro derivativo, bem como a marcação a mercado desses instrumentos. Esses efeitos, entretanto, são contábeis, sem pesar no caixa.
No critério ajustado (excluindo esses efeitos), a MRV&CO apresentou prejuízo líquido atribuído aos acionistas da controladora bem menor, de R$ 11,0 milhões, enquanto a MRV chegou a lucro de R$ 53,9 milhões. Nas demais divisões não houve ajuste.
A receita líquida consolidada totalizou R$ 1,905 bilhão, aumento de 12,8%, decorrente do aumento das vendas de imóveis e da evolução da produção. Vale lembrar que, no setor da construção, a receita é apurada de modo proporcional ao andamento das obras. A margem bruta consolidada foi de 25,9%, avanço de 5 pontos porcentuais.
As despesas operacionais consolidadas alcançaram R$ 419,5 milhões, aumento de 9,1%. Dentro desta linha, as despesas comerciais foram de R$ 176,6 milhões (alta de 9%), enquanto as despesas gerais e administrativas foram de R$ 169,1 milhões (alta de 15%).
Sem considerar juros e impostos, o resultado operacional da MRV&CO foi positivo em R$ 73,7 milhões, mais que o dobro de um ano antes, quando ficou em R$ 31,1 milhões.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa líquida de R$ 237,9 milhões, salto de 167% na comparação anual – muito influenciada pelo efeito do equity swap.
Nas operações do Brasil (excluindo Resia), a MRV&CO fechou o primeiro trimestre de 2024 com dívida líquida de R$ 2,5 bilhões, baixa de 24,7% na comparação anual. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) estava em 43,4%. Na operação dos Estados Unidos (Resia), a dívida líquida é de R$ 2,9 bilhões (alta de 31,4%), e a alavancagem, de 166,6%.
"O resultado ficou dentro do esperado. Ele ainda não é o que queremos apresentar. Mas entre o ruim e o bom, estamos no caminho, em processo de evolução", afirmou o diretor financeiro e de relação com investidores da MRV&CO, Ricardo Paixão, em entrevista ao <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
<b>Divisão MRV</b>
O braço de incorporação imobiliária, que abrange as bandeiras MRV e Sensia, teve lucro líquido ajustado de R$ 54 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo o resultado negativo do primeiro trimestre de 2023, quando teve prejuízo de R$ 65 milhões.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 241 milhões, alta de 111% na mesma base de comparação anual. Já a receita líquida cresceu 12,7%, totalizando R$ 1,854 bilhão. A margem bruta aumentou 5,3 pontos porcentuais, para 25,9%.
A companhia destacou que a alteração do Regime Especial de Tributação (RET) de 4% para 1% nas vendas de imóveis do grupo 1 do Minha Casa Minha Vida (MCMV) teve um impacto positivo de 0,7 p.p. na margem bruta do trimestre, com o estorno de R$ 17,4 milhões em impostos provisionados para pagamento.
Em média, os apartamentos vendidos pela companhia tiveram um preço 13,7% maior na comparação anual, indo a R$ 248 mil, dentro da estratégia de recuperação das margens. A margem bruta estimada das novas vendas chegou a 33,8%.
Em sua apresentação de resultados, o grupo apontou que o desempenho do braço de incorporação ficou alinhado com as metas projetadas para o ano.
"No balanço, demos destaque grande para a parte de incorporação, que teve evolução relevante da margem bruta", afirmou Paixão. Segundo ele, o aumento nas vendas combinado com a subida dos preços evidenciam que a operação está melhorando. "Estamos no caminho para alcançar os guidances de 2024 e 2025", ressaltou.
Conforme já divulgado na prévia operacional, as vendas líquidas da MRV chegaram a R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre de 2024, alta de 18,4% ante o mesmo intervalo de 2023, um recorde para o período. Os lançamentos da MRV somaram R$ 1,6 bilhão, salto de 150% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a companhia pisou no freio em relação aos novos projetos.