O documento oficial da Rio+20 ainda não havia sido finalizado quando escrevia esta coluna. Porém, acompanhando o desenvolvimento da conferência pelo noticiário, foi possível colher informações que fundamentaram esta reflexão.
Era previsível que imensas contradições estariam colocadas durante as discussões. O Brasil cumpriu um papel protagonista ao presidir a comissão de negociações para a redação do documento final. Defendeu com firmeza a criação de um fundo para o desenvolvimento sustentável, que começaria com U$30 bilhões em 2013 até atingir a cifra de US$ 100 bilhões em 2018.
O país também saiu em defesa do “princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada”, aprovado na Rio-92 e defendido pelo G-77 e pela China, cujo texto estabelecia maiores responsabilidades aos países ricos pelos danos causados ao meio ambiente, mas que, por pressão dos EUA, tinha sido retirado do texto final .
A Rio+20 terá poucos avanços a comemorar. Um deles está relacionado à maior proteção dos oceanos – uma vitória, uma vez que os EUA, em nome da “segurança nacional”, se opunham fortemente a essa proposição. A falta de consenso também marcou os países em desenvolvimento e emergentes, como Venezuela, Árabia Saudita, Índia e países africanos, contrários à retirada de subsídios aos combustíveis fósseis (petróleo e carvão).
Ocorre que boa parte das problemas que envolvem a proteção ao meio ambiente não será resolvido apenas pelos governantes. Passam antes por uma mudança de comportamento das populações por eles representadas. Hoje parece difícil convencer as pessoas a mudarem seus padrões de consumo.
Trocar todo ano o carro, o celular, o tablet; comprar o tênis ou a calça de marca vêm se tornando um vício coletivo. Todos parecem estar hipnotizados pelas campanhas publicitárias que incentivam o hiperconsumismo. Estaremos condenados a adquirir diariamente novos objetos para satisfazer um desejo imediato? Espero sinceramente que a imensa maioria dos habitantes do planeta diga não a esses apelos.
As discussões sobre meio ambiente são charmosas, encantam e viraram moda. Mas, na maioria das vezes, esperamos parados que alguém em algum lugar faça alguma coisa por nós. É chegada a hora de fazer a nossa parte e mudar de atitude.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara Municipal
Escreve às quintas-feiras