Zé Ed aprendeu, ao longo dos quatro anos no topo do trio elétrico Tarado Ni Você, ao som de canções de Caetano Veloso, a sempre seguir em frente. Como no bloco, que percorre as ruas do centro de São Paulo e atrai multidões (entre 70 mil a 100 mil pessoas), a ideia é sempre seguir em frente. Se parar, o bloco passa. Ao reunir as canções autorais que acumulou ao longo de uma vida – desde que tinha chegado aos 20 anos -, o cantor percebeu que tinha, ali, uma linha que ligava sua obra. “Eram músicas que falavam sobre a passagem do tempo”, ele explica. “Percebi que existia um estímulo para seguir em frente.” Aos 36 anos, Zé Ed, o artista de carnaval e curador de um acervo de arte, entrega Zé Ed, o álbum. A celebração do lançamento está marcada para ocorrer nesta quinta-feira, 20, no Centro Cultural Rio Verde.
É como Zé Ed estampa na imagem da capa do seu disco: na ilustração, uma coleção de ideias, das mais díspares, ligadas por uma linha contínua saída da cabeça do artista. “Busquei colocar as coisas mais distintas”, explica. E faz sentido: a linha contínua, do “seguir em frente”, que Zé Ed gosta de cantar, entrelaça-se por diferentes temáticas, situações e formas de entender o mundo. Em Tudo em Movimento, uma composição criada ao lado Zilma Godinho, ele sentencia: “ficar parado, eu não aguento”.
O movimento constante dita o ritmo, ora vagaroso, ora festivo. Em Verão na Cidade, Zé Ed se aproxima da festa carnavalesca dos blocos, com sopros e percussão. Há até coro de “parapará”. O canto, contudo, é um grito pela felicidade numa busca para apaziguar um coração machucado. “Serei feliz, quando a dor passar / Ela cantava assim / Eu não me esqueci / Serei feliz / Quando o amor chegar”.
Nesse disco, uma espécie de carnaval pessoal produzido por Luiz Gayotto, Estevan Sincovitz e Guilherme Kastrup, a alegria é agridoce. No desenrolar das composições de Zé Ed, surge o entendimento de que o presente pode ser dolorido, mas eventualmente ele se tornará passado. E o futuro, invariavelmente, é mais iluminado. É como um relacionamento que chega ao fim em bons termos. “Fique muito bem / Não deixe de lembrar / Amando mais você / O amor renascerá”, dizem os versos de Confesso, das mais belas, serenas e melancólicas do disco. “Deixar um amor para trás é um processo doloroso”, ele diz. É preciso força para seguir em frente. “E, em algum momento, o alívio vai chegar.”
ZÉ ED
Centro Cultural Rio Verde.
Rua Belmiro Braga, 119. Tel.: 3459-5321. 5ª (20/7), 21h. R$ 20 (antecipado) / R$ 40 (na porta).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.