Criar 50 cães e 12 gatos em um sobrado de dois quartos, sala, banheiro, cozinha, um pequeno quintal nos fundos e uma garagem, pode parecer loucura, mas para a apaixonada e protetora de animais, Regina de Jesus Pereira, de 46 anos, não é. Ela reside sozinha, na Vila Augusta, com uma renda mensal de 1.200 reais e faz de seu lar um abrigo para proteger os animais de maus tratos e abandonos. Até que apareçam donos interessados em adotá-los.
Tudo começou em 2008 quando Regina foi demitida do depósito de matérias para construção, onde trabalhava. Desempregada, ela teve a ideia de criar um "hotel" para cuidar de animais resgatados por protetores independentes, e sobreviver com a mensalidade paga pela hospedagem. Porém, a notícia se espalhou entre os protetores da região que logo começaram a procurá-la pedindo ajuda e abrigo para cães abandonados. E o que era para ser uma "hospedaria" para cães, passou a ser um "lar temporário".
"Cuidando de uns 7 eu já conseguia pagar as minhas contas. Mas o que acontece você começa a sentir um amor tão grande quando você resgata, cuida e dá carinho. E eu me apaixonei muito pelos animais. Aí todo animal que eu encontrava na rua doente, eu pegava", contou.
Segundo a protetora a maioria dos animais resgatados chegam muito debilitados e necessitam de tratamentos especiais. Mas, mesmo assim ela não mede esforços e todos os gastos de alimentação, veterinário, higiene, vacina, são custeados por ela e por doações que recebe, principalmente através do facebook, e de eventos que organiza como a Cãominhada, além, das ações como a venda de camisetas.
Apesar de viver sozinha, em uma casa sem móveis, dominada pelos cães e gatos, Regina é firme em sua decisão e não vê problemas em dedicar o seu tempo aos animais. "Não tenho espaço para receber pessoas, durmo no chão, porque os cachorros já comeram os colchões. Mas não mudaria nada, eu gosto muito mais dos animais do que do ser humano. Os humanos são muito hipócritas, egoísta, invejoso e só quer o mal", disse.
"Amor de bicho não tem preço"
Os interessados em adotar um cachorro ou um gato devem apresentar condições financeiras para comprar ração, pagar veterinário, de preferência que tenham casa própria, pois se for de aluguel no caso de mudança pode ser que o novo proprietário não aceite animais de estimação e também que não tenham crianças muito pequenas. "Pensamos em várias situações para que a pessoa não devolva, pois o animal pega amor pela pessoa", afirmou Regina.
Portanto, é uma adoção consciente, requer um trabalho bem feito, com sacrifício, amor, dedicação e respeito pela vida. E como a protetora repete várias vezes: "Amor de bicho não tem preço".
Protetora sonha em ter um espaço maior para os animais
O grande sonho da protetora Regina Pereira é comprar uma chácara para ter mais espaço para cuidar dos animais, poder ajudar mais os que ainda estão abandonados na rua ou sofrendo maus tratos de seus donos e, principalmente se livrar das constantes reclamações dos vizinhos. "É muito latido, eu entendo, mas o que eu posso fazer. Eu resgatei e não posso soltá-los na rua. Estou batalhando, procurando ajuda, fazendo campanhas, para conseguir uma chácara", relatou.
