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Mulheres assumem cada vez mais postos de comando

Moradora de Guarulhos que opera trens no Metrô Paulistano é um dos exemplos

Ela só tem 1m56 de altura. É loira de olhos azuis. Quando não está de uniforme, passa despercebida pela rua. Em baladas, corre o risco de pedirem seus documentos, como de fato já aconteceu. Mas é Renata Primerano Kazakevicius, de 23 anos, moradora de Guarulhos, que transporta, todos os dias, há três anos, cerca de 30 mil usuários do Metrô paulistano. "Exerço minha função com muita responsabilidade, mas é claro que sinto uma sensação de poder quando estou no comando do trem. Sei que influencio a vida de muita gente", disse sorridente.

Renata é operadora de trem do Metrô de São Paulo. Atualmente trabalha na Linha 2-Verde (Vila Madalena/Vila Prudente) das 6h às 13h. O trem por ela comandado tem cinco vagões ou cinco carros, como são chamados. Em horário de pico, cada um chega a pesar 22 toneladas.

Ela lembra que suou frio quando assumiu – sozinha – o comando do trem. "Antes de operar, a gente passa por um longo treinamento, mas é sempre um momento de muita tensão a primeira vez. Confesso que tive medo por ser nova, baixinha e ser mulher", relembrou..

Xodó de seus colegas de trabalho, hoje Renata se sente em casa na cabine do Metrô. Mas, não raro, enfrenta preconceito. "Certo dia, quando estava fazendo uma vistoria no trem, antes de sua partida, uma passageira gritou: ‘ei, não vá quebrar". Alguns usuários olham com desconfiança quando ela assume o posto. "Mas também têm aqueles que me dão os parabéns", enfatizou.

O trem nunca teve problemas sérios em suas mãos. Apenas em uma viagem, ao apresentar uma pane, os vagões pararam em pleno túnel. "Tive que retirar todos os passageiros no meio do túnel com segurança. Muitos estavam em pânico. Foi meu teste de fogo. No fim, tudo deu certo", contou com um suspiro de alívio no final da história.

Mas quem opera melhor um Metrô? O homem ou a mulher? Renata não pensou duas vezes ao responder, mas, claro, defendeu o seu lado: "ambos, pois cumprimos procedimentos padrões. Agora, a mulher tem mais paciência no dia-a-dia, tem o coração mais aberto para dar informações e a voz mais bonita quando precisa anunciar ao usuário a próxima estação".

Aumenta participação nos cargos de liderança

A operadora de Metrô Renata Primerano Kazakevicius é apenas um exemplo de mulheres que, cada vez mais, assumem comando de postos antes ocupados por homens. Segundo Tatiane Tiemi Shirazaua, gerente de relacionamento do Instituto Great Place to Work, que estuda e analisa ambientes de trabalho em vários países do mundo, "a capacidade de delegar, o bom relacionamento interpessoal e o talento para gerenciar equipes explicam o sucesso das mulheres em cargos de chefia.

Pesquisa divulgada em 2011 pelo instituto apontou que as 100 melhores empresas para se trabalhar, juntas, concentram mais de 403 mil funcionários. Desses, quase 175 mil são mulheres e mais de 55 mil delas ocupam postos estratégicos.

O estudo verificou ainda um crescimento também na ocupação feminina de posições importantes. Em 1997, apenas 11% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres; em 2010, cinco mulheres estavam na presidência das 100 melhores empresas para se trabalhar.

Sebrae-SP aponta empate entre homens e mulheres no mercado

Estudo realizado pelo Sebrae-SP estima que a participação das mulheres no mercado de trabalho deverá empatar com o número de homens em oito anos. Atualmente, a participação delas na população é de 51%. A projeção para 2020 é que essa taxa permaneça em torno desse número.

De acordo com a Pesquisa Cenários 2020 do Sebrae-SP, a mulher conta com um grande crescimento de participação na modalidade "conta própria", que são os empreendimentos sem empregados, passando de 32% em 2000 para 47% em 2020.

O estudo destaca também o crescimento da participação das mulheres na categoria empregadores (empreendedores com empregados), de 24% em 2000 para 42% em 2020.

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