Milhares de pessoas participaram ontem de atos contra o machismo, por igualdade de gênero e por causas como a descriminalização do aborto em 16 Estados e em Brasília, marcando o Dia Internacional da Mulher. A ação foi inspirada em marchas pelo mundo e teve apoio nas redes sociais nas grandes metrópoles em São Paulo e Rio de Janeiro, havia número maior de participantes.
Divulgada praticamente via web, a manifestação no Centro do Rio, por exemplo, foi promovida por 60 entidades de classe (como a CUT) e estudantis, além de partidos políticos, e fez parte da Greve Internacional das Mulheres (8M), iniciativa adotada em mais de 50 países por direitos femininos (mais informações ao lado). A Greve previa que as mulheres adotassem uma posição ativista pelo menos por uma hora (entre 12h30 e 13h30 no Brasil) e, se não pudessem parar de trabalhar, pelo menos se abstivessem de atividades domésticas.
Em São Paulo, dois atos encerrados no centro reuniram 30 mil pessoas, segundo os organizadores. No Rio, organizadores e policiais presentes estimaram entre 8 mil e 15 mil pessoas. Ali, um grupo se reuniu ao redor da Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e seguiu pela Rio Branco até a Praça 15.
Houve encenações teatrais e apresentação de uma bateria composta por mulheres. Ao final, cada trecho de um manifesto foi lido por uma mulher. O texto cobrou igualdade de direitos e fim do preconceito. “Hoje é um dia importante, mas nossa luta é todo dia. Precisamos provar que não somos só peito e bunda. Pensamos, trabalhamos e temos direitos”, afirmou Mara Silveira, de 23 anos, estudante de Medicina na Universidade do Estado do Rio (Uerj).
A maioria dos participantes era de mulheres, que fizeram discursos e gritaram em coro palavras de ordem em favor da descriminalização do aborto, por outros direitos e contra o machismo. “Nem recatada nem do lar/ A mulherada tá na rua pra lutar” foi um dos coros.
Sé. Em São Paulo, os coletivos feministas interditaram trechos da Avenida Paulista e vias na Sé. A publicitária Vânia Feigol, de 31 anos, disse que a razão de as mulheres estarem na rua é a necessidade de respeito. “Viemos aqui para unir forças. É preciso tanto conseguir respeito para andar na rua sem medo de assédio quanto para ter salários iguais e as mesmas oportunidades”, afirmou.
Já a radialista Rayssa Micalosky, de 27 anos, afirmou que, embora um dos temas apontados como foco para a marcha no Brasil seja a reforma da Previdência, uma questão que também afeta as mulheres, “há todo um contexto que nos fez ir à rua”.
A educadora Luciana Nobre, de 32 anos, destacou a falta de participação dos homens. “No meio da passeata, havia aquele monte de gente, mas eram mulheres. E os bares estavam cheios de homens. Achei que tinha acontecido algo na passeata, porque todos olhavam para a TV. Era um jogo, do Barcelona. É uma alienação!”
Pelo País. As marchas ocorreram em várias cidades durante o dia. Foi a forma principal de protesto adotada em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Sul, Roraima e Tocantins.
Brasília e Pernambuco tiveram atos planejados em espaços públicos, com direito a algumas performances. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.