Fevereiro de 2024 foi o nono mês consecutivo a registrar recordes globais de temperatura, segundo dados do Copernicus, o programa de observação de mudanças climáticas da União Europeia, divulgados nesta quinta-feira (7). O planeta registra recordes de temperaturas mensais consecutivos desde junho de 2023.
No último mês, os termômetros dispararam em diversas partes do planeta. Desde a Sibéria até à América do Sul, com a Europa registrando também o inverno mais quente da história. A temperatura média do ar foi de 13,54ºC, um aumento de 0,81ºC em relação aos 30 dias anteriores e de 0,12ºC em comparação com o recorde anterior para o mesmo mês medido em 2016.
“Fevereiro junta-se à longa série de recordes dos últimos meses”, disse o diretor do Copernicus, Carlo Buentempo, em um comunicado. “Por mais notável que isto possa parecer, não é realmente surpreendente, pois o aquecimento contínuo do sistema climático conduz inevitavelmente a novas extremos de temperatura”, completou.
Aumento da temperatura nos oceanos
A situação nos oceanos também é preocupante. A temperatura da superfície do mar chegou a 21,06ºC – a mais alta de que se tem registro -, superando o recorde anterior de 20,98ºC, registrado em agosto de 2023.
Esse aumento nos últimos meses pode ser explicado pelo El Niño. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ainda se espera que os impactos do fenômeno, que atingiu o ápice em dezembro de 2023, sejam sentidos até o mês de maio.
Planeta está mais quente
“O clima responde às concentrações reais de gases de efeito estufa na atmosfera. A menos que consigamos estabilizá-las, registraremos inevitavelmente novos recordes de temperatura e enfrentaremos suas consequências”, disse Buentempo.
Em janeiro, o observatório anunciou que o mundo havia ultrapassado o limite de aquecimento de 1,5ºCem relação à era pré-industrial por 12 meses consecutivos pela primeira vez na história.
O Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (IPCC), órgão da ONU que avalia cientificamente as mudanças climáticas, alertou diversas vezes que o aumento da temperatura média acima de 1,5ºC pode “desencadear impactos das mudanças climáticas muito mais graves, incluindo secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e severas”.
Limitar até o ano 2100 o aumento da temperatura global a, no máximo, 1,5°C acima dos níveis pré-industriais ajudaria a evitar um colapso dos ecossistemas e manteria o clima num patamar habitável.
Entretanto, apesar de ter sido ultrapassada a média de aquecimento de 1,5ºC em 12 meses, isso ainda não significa que a meta do Acordo de Paris não foi atingida, pois ela se baseia em valores médios de longo prazo.
(AFP/Lusa/DPA)