O Museu Histórico Nacional (MHN), no Rio, inaugura nesta quinta-feira sua mais nova exposição de longa duração: "Îandé – Aqui Estávamos, Aqui Estamos". A mostra traz um novo olhar para uma exposição que ficou 16 anos em exibição e convida o visitante a refletir sobre o passado e o presente dos povos originários no Brasil.
"É a retomada de uma exposição que começou a ser pensada em 2006, que trouxe pela primeira vez o discurso da arqueologia e dos povos originários de maneira central ao Museu Histórico Nacional", explica o museólogo e arqueólogo Pedro Colares Heringer, diretor substituto do museu. "Nós amadurecemos o debate científico. O nosso centenário também tratou de buscar novas histórias, novos olhares, reformular e refletir em cima de nosso próprio discurso. Por isso a gente acabou repensando essas exposições."
"Îandé" é dividida em dois eixos temáticos, Arqueologia e Povos Originários. "Ela trata principalmente da ocupação do território brasileiro, numa perspectiva mais arqueológica, e também dos povos indígenas, dos povos originários, numa perspectiva mais contemporânea, no sentido de pertencimento, de diversidade cultural", diz Heringer.
Além daquelas que já faziam parte do acervo do MHN e que integraram a exposição anterior, as peças, murais e imagens que compõem a nova mostra foram trazidas do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, do Museu Nacional, do Museu de Arqueologia de Itaipu e do Memorial Museu Indígena Kanindé. Há ainda material produzido pelos indígenas e imagens de fotógrafos convidados.
Entre as peças estão objetos etnográficos, como um tacape que pertenceu ao líder indígena tibiriçá, no século 16, e um colar usado em rituais contemporâneos dos yawanawá. Obras recentes de artistas indígenas, como Denilson Baniwa, Diakara Desana, Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara, também estarão em exibição.
A curadoria contou com a participação dos indígenas, sendo que algumas peças foram trazidas por eles, e não apenas escolhidas dentre as que já constavam no acervo. Isso, segundo o diretor, ajuda na reflexão sobre a importância dos povos originários nos dias de hoje.
"A gente tende, por uma maneira sistemática de estudo da história brasileira, às vezes a achar que os povos originários estavam (apenas) em 1500. De alguma maneira, a participação deles na nossa história se reduz. E isso não é verdade. A gente vê a cada dia que passa o protagonismo que eles vêm acumulando, e a gente fez questão de refletir isso na nossa exposição", ressalta Heringer.
Segundo ele, quem visitar a exposição sairá do museu com uma nova perspectiva sobre os povos originários. "O visitante irá entender a antiguidade do território brasileiro e sua ocupação; entender que, desde o início, nós somos diversos; e, por fim, entender que os povos originários estão aqui hoje, estão presentes, e eles fazem parte do nosso presente, não só do nosso passado", sustenta.
Além de novas peças, a exposição apresenta um novo layout e uma nova abordagem. Outra mudança significativa diz respeito à acessibilidade: os três ambientes agora contam com bancadas em que réplicas das peças em exibição poderão ser manuseadas.
<b>Serviço</b>
"Îandé – Aqui Estávamos, Aqui Estamos"
Museu Histórico Nacional. Praça Marechal Âncora, S/N, Centro – Rio de Janeiro. De 4.ª a 6.ª, das 10h às 17h; sáb. e dom., das 13h às 17h. Entrada gratuita. Abertura nesta quinta-feira, 9, às 14h30.