Disposto a montar um espetáculo com temática LGBTT, o ator e produtor Leandro Terra saiu, há quatro anos, à caça de textos até descobrir aquele que lhe pareceu perfeito: Yank!, um musical off-Broadway que trata da homoafetividade de uma forma original ao mostrar a paixão entre dois soldados durante a 2.ª Guerra Mundial.
“Normalmente, o gay é mostrado no teatro em histórias de família”, conta Terra, que produz e integra o elenco da montagem que está em cartaz no Teatro Serrador, no Rio de Janeiro, até o dia 1.º de julho. “Agora, a novidade está em uma trama sobre famílias que ainda não começaram”, completa Hugo Bonemer, celebrado ator de musicais que vive Stu, o soldado que se apaixona por Mitch (Betto Marque) em pleno campo de batalha. “A peça se baseia no afeto e não na sexualidade.”
Esta era realmente a intenção dos irmãos americanos Joseph e David Zellnik, autores de Yank!, que estreou nos EUA em 2010. “Somos apaixonados por filmes e musicais dos anos 1940, especialmente as clássicas criações de Rodgers & Hammerstein”, conta David, que esteve no Rio na semana passada para acompanhar (e aprovar) a montagem brasileira. “Queríamos contar algo novo na Broadway e apostamos nessa história inovadora”, completa ele, falando quase fluentemente em português.
A montagem brasileira, aliás, traz algumas novidades. “No original, havia um soldado polaco, alvo de comentários preconceituosos. Aqui, o personagem é negro”, conta o diretor Menelick de Carvalho, também responsável pela versão. “O que me motiva nesse espetáculo é descobrir, através desses personagens, a possibilidade de amor em tempos de ódio”, fala Betto Marque. “A 2.ª Guerra ainda continua através da intolerância diária em nossas grandes cidades. Sinto que aceitamos a guerra e sabemos pouco sobre amor e empatia.”
Hugo Bonemer mostra a engenhosidade da história. “No primeiro ato, a trama brinca com os preconceitos com que a plateia está acostumada, mas, no segundo, as relações se tornam mais cruéis”, afirma. “O personagem de Hugo é o mais moderno, pois vai além do preconceito e constrói uma trajetória baseada no conhecimento e no sofrimento”, diz Menelick.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.