Estadão

Na Arábia Saudita, secretário de Estado dos EUA pede proteção para civis em Gaza e Israel

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu neste sábado, 14, em Riad, na Arábia Saudita, proteção para os civis na Faixa de Gaza e em Israel, depois que os militares israelenses ordenaram que metade da população do território palestino evacuasse a região norte antes de um ataque terrestre. As informações são da <i>Associated Press (AP)</i>.

Blinken se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal Bin Faram, no terceiro dia de um giro do secretário de Estado por países do Oriente Médio, com o objetivo de se reunir com autoridades locais e evitar que a guerra entre Israel e Hamas se expanda para um conflito regional e agrave a crise humanitária.

O norte-americano e o saudita destacaram a importância de minimizar os danos aos civis. "À medida que Israel prossegue em seu direito legítimo de defender o seu povo e de tentar garantir que isto nunca mais aconteça (o ataque do Hamas no sábado passado), é de vital importância que todos nós cuidemos dos civis e trabalhemos juntos para fazer exatamente isso", disse Blinken, antes de embarcar para os Emirados Árabes Unidos.

"Nenhum de nós quer ver o sofrimento dos civis de qualquer lado, seja em Israel, seja em Gaza, seja em qualquer outro lugar", acrescentou Blinken, de acordo com a <i>AP</i>.

O ministro saudita ressaltou que seu país está comprometido com a proteção dos civis. "É uma situação perturbadora", afirmou. "As principais vítimas desta situação são os civis, e as populações civis de ambos os lados são afetadas. É importante, penso eu, que todos devemos condenar qualquer forma de ataque a civis, sob qualquer forma e em qualquer momento, por qualquer pessoa", acrescentou, segundo a <i>AP</i>.

<b>Acordo</b>

Antes, de acordo com informações da <i>Saudi Press Agency (SPA)</i>, agência de notícias do governo da Arábia Saudita, o ministério das Relações Exteriores do país árabe condenou o deslocamento forçado dos habitantes de Gaza, conforme ordenado por Israel, e o "contínuo ataque a civis indefesos".

De acordo com a <i>SPA</i>, o ministério declarou que o país "renova seu apelo à comunidade internacional para agir imediatamente para encerrar todas as formas de escalada militar contra civis, prevenir uma catástrofe humanitária e fornecer a ajuda médica necessária aos residentes de Gaza, destacando que privá-los das necessidades básicas é uma violação do direito humanitário internacional e agravará a crise e o sofrimento na região".

Os sauditas pedem o fim do bloqueio a Gaza, a evacuação de civis feridos, o respeito ao direito internacional e o avanço das negociações de paz na região com base nas resoluções das Nações Unidas e na "Iniciativa de Paz Árabe", que consiste na busca de uma "solução compreensiva" para o conflito, com a criação de um Estado Palestino nas fronteiras de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) e com Jerusalém Oriental como capital. Dentro dessa iniciativa, lançada em 2002, o conjunto dos países árabes se compromete a reconhecer e a estabelecer relações diplomáticas com Israel.

O conflito em Gaza ocorre num momento em que, mesmo sem a adoção da Iniciativa de Paz Árabe, a Arábia Saudita negociava a normalização de relações com Israel, com mediação dos Estados Unidos, na esteira dos acordos de Abraão, de 2020, nos quais Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão regularizaram relações com Israel.

De acordo com a <i>AP</i>, uma autoridade dos EUA disse no sábado que Washington não pediu a Israel que retardasse ou adiasse o plano de evacuação. O funcionário do governo disse que as discussões com os líderes israelenses enfatizaram a importância de levar em conta a segurança dos civis. A fonte, que não estava autorizada a discutir publicamente o tema e falou sob condição de anonimato, disse que os líderes israelenses reconheceram a orientação e a levaram em consideração.

<b>Reuniões</b>

Segundo a <i>AP</i>, o ministro Faisal disse que é imperativo que a violência entre Israel e Hamas acabe. "Precisamos trabalhar juntos para encontrar uma saída para este ciclo de violência", disse. "Sem um esforço concertado para acabar com esta volta constante à violência, serão sempre os civis que sofrerão primeiro, serão sempre os civis de ambos os lados que acabarão por pagar o preço."

A Arábia Saudita convocou uma reunião urgente de ministros das Relações Exteriores da Organização de Cooperação Islâmica, um bloco de 57 países muçulmanos. O grupo afirmou num comunicado que a sessão, marcada para quarta-feira, 18, em Jeddah, cidade saudita, irá "abordar a escalada da situação militar em Gaza e seus arredores, bem como a deterioração das condições que põem em perigo a vida dos civis e a segurança e estabilidade geral na região".

Após o encontro em Abu Dhabi, nos Emirados, Blinken planeja retornar à Arábia Saudita e depois viajar no domingo para o Egito. Ele já visitou Israel, a Jordânia, o Catar e o Bahrein na missão de mostrar o apoio dos EUA a Israel às vésperas de uma esperada incursão em Gaza, mas também afirmou a importância de manter a ajuda humanitária em Gaza e de prevenir vítimas civis, em parte criando zonas seguras dentro de Gaza.

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