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Na Bahia, pai investiga sumiço de filho abordado por PMs

A Polícia Militar da Bahia decidiu afastar das funções, na tarde de quinta-feira, 14, três integrantes da Companhia Independente de Policiamento Tático (Rondesp) da corporação, um subtenente e dois soldados, suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos.

O jovem foi abordado pelos policiais na tarde do último dia 2, quando trafegava sozinho em uma moto, em um trecho movimentado do bairro da Calçada, na Cidade Baixa, em Salvador. Depois da ação, Santana não foi mais visto. Sua motocicleta também desapareceu. Os nomes dos policiais suspeitos não foram divulgados pelo comando da PM.

O caso veio à tona porque o pai do jovem, Jurandy Silva Santana, decidiu investigar o sumiço por conta própria. Ele conta que, no dia seguinte ao do desaparecimento do filho, começou a tentar buscar informações nas delegacias da região, em hospitais e no Instituto Médico Legal. De acordo com ele, Geovane tinha duas passagens na polícia por roubo, mas não teve envolvimento com crimes nos últimos dois anos.

Sem conseguir localizar o jovem, no dia 4, Santana fez uma queixa na Corregedoria da Polícia Militar e passou a tentar refazer os últimos trajetos conhecidos do jovem. Acabou encontrando imagens, gravadas por uma câmera de segurança de um estabelecimento comercial, que mostram o filho sendo abordado pelos policiais.

O vídeo, de cerca de seis minutos, mostra Geovane obedecendo aos comandos dos PMs enquanto eles saem da viatura. Ele desce da moto e levanta os braços. Ainda assim, recebe um tapa no rosto e, em seguida, um chute nas pernas, que o faz cair de joelhos. Imobilizado, ele ainda conversa com os policiais antes de ser colocado dentro da viatura e levado. A moto é levada por um dos Pms.

De posse das imagens, Santana levou o caso à imprensa, que divulgou as informações nesta quarta-feira. “Precisou sair na mídia para que as investigações começassem”, reclama o comerciante. “A única coisa que quero saber é onde está meu filho. Enquanto ele não for encontrado, não vou descansar.”

Segundo o comando da PM, os policiais suspeitos de envolvimento foram ouvidos. O comandante-geral, coronel Alfredo Castro, disse que eles alegaram que o jovem era suspeito de roubar uma motocicleta. Ele teria sido levado a uma delegacia, mas após não ser reconhecido pela vítima, foi liberado.

Segundo a PM, foi instaurado um inquérito para investigar o caso, que deve ser concluído em até 30 dias. A corregedoria informou que os três policiais suspeitos foram preventivamente afastados das atividades de rua durante o período das investigações.

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