Monitoramento da água feito em 56 córregos paulistanos mostra que praticamente metade (27) têm qualidade ruim e um, péssima. Somente um está em condição boa e outros 27, regular. Parte do problema é o despejo de esgoto sem tratamento.
Os dados fazem parte de levantamento da SOS Mata Atlântica que analisa a situação de córregos e rios do bioma ao longo do ano. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas e responsável pelo levantamento, o abandono do Projeto Córrego Limpo contribuiu para esse cenário.
“Ao longo do projeto houve no entorno de vários córregos a implementação da coleta de esgoto e foram removidas ocupações irregulares, afastando o esgoto da água, mas, com o abandono do projeto, muitos voltaram a ter a margem ocupada e hoje sofrem de novo com lixo e esgoto. Não é algo que tenha começo e fim, que possa parar, tem de ser um programa contínuo”, alerta a ambientalista.
Além disso, diz, poucos contaram com uma etapa mais avançada do programa, que previa, além da coleta de esgoto e do reordenamento urbano das margens, a criação de parques lineares ao longo dos córregos. Isso permitiria uma revitalização da área e uso pela comunidade, ajudando na fiscalização.
É o caso, por exemplo, do Córrego Água Podre, que teve perda de qualidade da água nos últimos anos depois de ter sido incluído no programa, mas nunca recebeu o parque (leia ao lado).
Malu lembra que outro complicador é a limitação do Córrego Limpo a São Paulo. Ela lembra que vários cursos dágua que passam pela cidade nascem ou vêm de outros municípios da região metropolitana, como o Pirajuçara, que surge com qualidade ruim desde Taboão. Ou o próprio Tietê, que recebe cargas de Guarulhos, Mogi das Cruzes e Suzano.
Bacia
Levantamento também da SOS, de 2016, revelou que trecho de 137 km do Tietê segue com qualidade da água ruim ou péssima. “O ideal seria incluir toda a região metropolitana no plano. E fazer a gestão do recurso hídrico para toda a bacia do rio e não só em São Paulo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.