O brasileiro Gabriel Medina está instalado em uma grande casa de sua patrocinadora, a Rip Curl, junto com outros atletas, em um ponto muito cobiçado pelos surfistas: em frente à praia de Pipeline, onde será realizada a última etapa do ano do circuito mundial de surfe, a partir desta segunda-feira, no Havaí, que pode consagrar o garoto de Maresias como o campeão da temporada.
Como está bem localizado em relação ao palco da competição, Medina tem aproveitado todo tempo que pode para treinar nos famosos tubos. “É uma casa grande, de três andares, tem vários quartos, o meu é na parte de cima. É um lugar legal porque fiquei na frente de Pipeline. Dá para ver o melhor horário para ir surfar, pois o acesso é bem fácil”, explicou o brasileiro de 20 anos.
Quem também está nessa residência é o australiano Mick Fanning, que disputa com Medina e com o norte-americano Kelly Slater o título da temporada. Os quartos dos dois são próximos, e eles se dão bem na hora da convivência. O brasileiro sempre coloca Fanning como um dos seus ídolos no esporte – em outras edições da etapa em Pipeline, o veterano deu vários toques para o jovem do Brasil.
Agora, os dois vão disputar o troféu na última etapa do ano, que tem início previsto para acontecer nesta segunda-feira, com a realização de uma triagem com 32 surfistas havaianos – só os dois melhores garantem vaga no torneio. A premiação dessa etapa qualificatória é de US$ 100 mil e, além dos dois classificados, outros dois serão indicados pela patrocinadora do evento e pela ASP (Associação dos Surfistas Profissionais).
Na manhã desta segunda-feira, no fuso horário do Havaí (à tarde para o Brasil), a organização vai definir se existem boas condições para iniciar a triagem. Existem boas expectativas nessa semana por causa de uma grande ondulação no Oceano Pacífico, que pode fazer com que a etapa tenha ondas de ótimo tamanho. Na terça, é capaz de o mar ficar tão grande em Pipeline que a disputa precisará ser adiada. De qualquer maneira, a ansiedade em relação à competição é grande.
Desde que chegou ao Havaí, Medina tem tentado manter o foco na disputa e está evitando qualquer tipo de distração. Charles, seu pai e treinador, até chegou a colocar um aviso na porta da casa em Pipeline pedindo para que as pessoas não assediem o surfista neste momento tão importante de definição de título.
Em Peniche, na etapa anterior do circuito, em Portugal, Medina foi muito assediado. A avaliação do estafe do garoto foi que aquilo atrapalhou a concentração para a disputa do campeonato. Com isso, ele deixou de conquistar o título mundial por antecipação e agora vê dois rivais de peso, Slater e Fanning, que juntos têm 14 títulos mundiais, com chances de estragar a festa brasileira no Havaí.
O próprio atleta acha que agora a situação será bem diferente. “No Havaí as pessoas são mais tranquilas, não existe esse assédio, como tem em Portugal ou no Brasil, de pedir uma foto, autógrafo ou querer estar mais perto do ídolo. Em todos os anos que fui (a Pipeline), mesmo sendo o Kelly ou o Mick, a torcida nunca foi um problema de ficar em cima ou ter um tumulto. Acho que será tranquilo”, avaliou Medina.