Intérprete de personagens icônicos da história das novelas brasileiras, como a selvagem Juma Marruá de Pantanal (1990) e a presidiária casca-grossa Araci Laranjeira de Insensato Coração (2011), a atriz Cristiana Oliveira agora integra o casting da Record. Após 22 anos de serviços prestados à Globo, ela é uma das mulheres malvadas que serão vistas na novela A Terra Prometida, que estreou nesta terça-feira, 5, às 20h30. E a decisão de mudar de emprego, ao que parece, não foi dolorosa.
“O mercado de trabalho mais amplo é melhor para todos os profissionais. Hoje em dia, até por um momento econômico, existe um plano para que não se gaste mais do que se deve gastar. Fiquei 22 anos na Globo com um procedimento que é diferente para a maioria dos atores. Os atores que estão reservados para obras próximas têm seus contratos estendidos. Quando acabam uma novela e não têm nenhum trabalho em vista, encerra o contrato e fica sem exclusividade”, explica a atriz. “Isso também acontece na Record. Aqui, eu assinei por obra. Também sou empresária, sou dona de loja, eu tenho esse pensamento de que não posso manter uma pessoa que não esteja produzindo”, completa.
Na nova casa, ela se sente como nos tempos da Manchete, nos início dos anos 1990, quando iniciou sua carreira de atriz. “Fui recebida com muito carinho por esta emissora, e falo para todo mundo que estou tendo a mesma sensação que tive na Manchete. Percebo nos atores uma vontade de trabalhar e uma vontade muito grande de que dê certo. Sinto uma energia muito boa e tenho essa sensação de recomeço”, admite.
Louca e feiticeira
Em A Terra Prometida, Cristiana interpreta Mara, da tribo Aser, uma mulher que carrega os piores adjetivos em sua descrição: amarga, desconfiada, ambiciosa, ardilosa, falsa e manipuladora. Para piorar, ela estimula seu marido, Aiúde (Fabio Villa Verde), a ser um guerreiro violento e sanguinário. Além disso, tenta acabar com o casamento da filha, Ioná (Day Mesquita), para que ela se case com outro homem, muito mais rico e poderoso que seu genro, Elói (Claudio Gabriel).
“Sempre trabalhei com profundidade e com total entrega, mas senti uma certa dificuldade em ter uma compreensão interna dessa personagem. Então eu comecei a criar um passado e conflitos internos. Fiz um trabalho de voz também, pois a voz da minha personagem é mais grave que a minha voz real. Ela trabalha com o olhar e eu tenho um olhar forte, mesmo sendo vesga (risos)”, brinca a atriz.
Para conquistar seus objetivos, Mara começará a fazer rituais de magia negra. Com a ajuda de deuses pagãos, ela passará por grandes transformações ao longo da trama. “Ela quer poder, beleza. Estamos fazendo ela mais velha, com o cabelo branco. Lá na frente, ela vai pedir juventude e vai ficar muito bonita. Depois, vai ficar mais velha e mais feia ainda. Isso para mim é bárbaro porque vou mudar tudo, postura e caracterização”, comenta.