Opinião

Na variação do termômetro, um médico por favor

A temperatura cai. É outono ainda. O inverno ainda vem aí. Os casacos já deixaram os armários. Cheiro de naftalina no ar? Tempo em que as pessoas capricham um pouco mais nas vestimentas. Pernas de fora nem pensar. As imperfeições dos corpos ficam disfarçadas sob camadas de panos, das mais diferentes cores.


 


Mesmo sob sol forte,  o termômetro aponta para baixo. Mas isso pode mudar. Foi-se um tempo em que as estações eram bem definidas, quando outono   e inverno eram  frios e primavera e verão, quentes. Agora, blusas numa semana, shorts na outra.


 


Esta foi a semana mais fria do ano até aqui. Mas nada impede que a próxima seja a mais quente. Ou não. Meteorologistas vivem a bater cabeça, apesar da evolução tecnológica quedeveria garantir maior certeza nas previsões.


 


Nesse sobe e desce do termômetro, invariavelmente a saúde padece. Resfriado, gripe, sinusite, pneumonia.  Festivais de espirros e tosses por todos os cantos. Nessas horas, profissionais gabaritados vão para a frente da televisão para dar conselhos. O mais comum é: “nada de se automedicar. Ao menor sinal de algo anormal, procure um médico”.


 


Sim, sim, sim. Tomar medicamentos por conta própria é algo que jamais pode ser recomendado. Mas vamos ao mundo real. Vivemos no Brasil. Procure um médico em busca de um diagnóstico preciso assim que você começar a espirrar. Ou melhor, imagine todos a sua volta, na mesma situação, em busca de um atendimento.


 


Se você paga um plano de saúde privada, tente agendar uma consulta. Vai demorar pelo menos uma semana, sendo bastante otimista, quando não for marcada para daqui dois meses. Há a saída de entrar na fila de um pronto-atendimento (nome chique dado aos velhos PS). Depois de ficar por algumas horas exposto a todo tipo de vírus e bactérias, irá para casa com um receitinha, após uma consulta relâmpago.


 


Agora, se você depende da saúde pública, muito provavelmente terá que enfrentar todo o resfriado sem qualquer consolo. Se for gripe, torça para ela não evolui para algo mais grave. Se tiver pneumonia, procure uma igreja. Porque se  depender do precário atendimento público prestado em nossa cidade, não tem como se dar bem. Mas lembre-se. Nada de tomar remédios por conta própria.


 


Ernesto Zanon


Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo


No Twitter: @ZanonJr

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