Pela primeira vez, o número de novos casos do novo coronavírus anteontem foi maior fora da China, epicentro do surto, do que dentro do país asiático. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o total de infectados foi de 411 na China e 427 no restante do mundo. O avanço tem ocorrido em países vizinhos, como a Coreia do Sul, no Oriente Médio, e na Europa, sobretudo na Itália. No mundo, o total de infectados ultrapassa 80 mil e o de mortes é de cerca de 3 mil. Na Ásia, autoridades de saúde trabalham ainda com a possibilidade de que a queda no registro de infectados seja temporária.
O governo japonês informou ontem que cerca de 45 passageiros que receberam autorização na semana passada para desembarcar de um cruzeiro em quarentena desenvolveram sintomas do novo coronavírus, incluindo febre, e devem fazer novos exames para detectar o vírus. Ao todo, o Ministério da Saúde local entrou em contato com 813 passageiros do navio Diamond Princess. O Japão enfrenta críticas pela maneira como administrou a crise de saúde gerada pelo cruzeiro, em especial depois desse informe.
Cientistas já têm pesquisado também a possibilidade de que o período de incubação do novo coronavírus seja superior a 14 dias – o que pode mudar os protocolos para isolamento e quarentena. Como a doença foi registrada pela primeira vez em dezembro, ainda não se sabe exatamente qual o comportamento do vírus. O mundo "simplesmente não está preparado" para combater a epidemia de coronavírus, disse, anteontem, o especialista que coordena a missão conjunta da Organização Mundial da Saúde e da China, Bruce Aylward.
Para conter a expansão da doença, vários países do Golfo anunciaram medidas para limitar os deslocamentos com o Irã, que já registrou 19 mortes. O governo local tem sido acusado de esconder a real dimensão do surto, mas Teerã garante que tem havido transparência.
Na Europa, os países vizinhos à Itália decidiram manter abertas suas fronteiras. Centenas de turistas permanecem confinados por precaução em um hotel de Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde foram detectados casos. Enquanto isso, as autoridades sanitárias espanholas anunciaram novas medidas como desaconselhar viagens às regiões da Itália infectadas e outras áreas de risco, e a necessidade de realizar teste em todo viajante que chegue desses lugares e apresente sintomas da doença.
A União Europeia, cujas fronteiras são abertas, já manifestou a preocupação de que os países trabalhem de forma coordenada para conter a epidemia.
<b>Restrições</b>
Nos Estados Unidos, autoridades disseram prever propagação da epidemia de coronavírus e pediram que escolas, empresas e os governos locais tomem medidas de precaução, como a suspender eventos públicos.
O presidente Donald Trump afirmou ontem que poderá considerar novas restrições de viagem – idas à China e à Coreia já são desaconselhadas pelo governo americano. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>