A arquibancada e as ruas napolitanas estavam prontas para a festa. Aqueles que ficaram sem ingressos, formaram uma multidão ao redor do Estádio Diego Armando Maradona. Dentro de campo, o Napoli ficou perto de fazer o que tinha de ser feito para encerrar o jejum de 33 anos desde seu último título italiano, mas empatou por 1 a 1 com a Salernitana, comandada por Paulo Sousa, e adiou a confirmação da conquista. Após gol marcado por Oliveira, de cabeça, aos 17 minutos do segundo tempo, Boulaye Dia fez um golaço para estragar a festa dos donos da casa, aos 39.
Antes de entrar em campo, o time comandado por Luciano Spalletti viu tudo se encaminhar da maneira ideal para um domingo de celebração após a vice-líder Lazio perder por 3 a 1 para a Inter de Milão. Com isso, ficou a uma vitória do título. Após não concluir a missão, agora tem 79 pontos contra 61 da Lazio. A diferença é de 17 pontos e restam 18 em disputa. A nova tentativa de ser campeão virá na próxima quinta-feira, fora de casa, contra a Udinese.
Levantar a taça do Italiano, portanto, é questão de tempo para o Napoli. Não à toa, no final de semana passado, após vitória sobre a rival Juventus, em Turim, a delegação foi recebida de volta em Nápoles com uma festa digna de campeão, com milhares de pessoas no chão e os jogadores no teto do ônibus acompanhando os festejos.
O Napoli não vence o Campeonato Italiano desde a temporada 1989/1990, quando tinha Maradona como principal estrela de uma equipe com outros nomes lendários, como o atacante brasileiro Careca. Duas temporadas antes, venceu a liga nacional pela primeira vez, em 1987/1988, também sob o comando de Maradona.
Após o craque argentino ser pego no doping no ano seguinte ao segundo título, o clube, que já tinha seus problemas financeiros, entrou em um período entre campanhas ruins e medianas, até falir em 2004. Comprado pelo produtor cinematográfico Aurelio De Laurentiis, recuperou-se a partir das divisões inferiores e voltou à elite na temporada 2007/2008. Em crescente desde o retorno, venceu a Copa da Itália duas vezes (2013/2014 e 2019/2020) e foi vice-campeão italiano quatro vezes.
Diante da possibilidade de, enfim, confirmar o tão esperado título, o Napoli mostrou bastante nervosismo e ansiedade dentro de campo. Conseguiu ter a bola nos pés por bastante tempo e teve sequências de jogada no ataque, mas a definição dos lances não eram das melhores. De qualquer forma, teve chances de abrir o placar e só não conseguiu porque o goleiro Ochoa fez ótimas defesas para interceptar um cabeceio de Osimhen e um belo chute de fora da área disparado por Anguissa.
No segundo tempo, o Napoli tentou dominar as emoções e teve bom volume ofensivo, investindo em jogadas ofensivas com Kvaratskhelia pela esquerda, mas continuava penando na hora de concluir os lances. Então, aos 17 minutos, Mathias Oliveira encontrou o caminho do gol ao cabecear após cobrança de escanteio de Raspadori e colocar na rede.
A partir do momento em que a bola foi colocada na rede, não era mais possível aos torcedores conter as emoções. Durante a celebração antecipada, cantaram o tradicional "Diego, Diego", lembrando o ídolo Maradona, morto em 2020, que dá nome ao estádio napolitano e não teve a oportunidade de ver o time se reencontrar com a glória na Itália, assim como não viu a Argentina voltar a ser campeã do mundo, no ano passado, 36 anos depois de seu título pela seleção.
O gol criou uma atmosfera de muita euforia e os jogadores do Napoli pareceram entrar em transe junto com a torcida, apenas esperando a contagem regressiva para soltar o grito de campeão. Aos 39, Boulaye Dia colocou a bola entre as pernas de Raspadori, entrou na área e bateu de perna esquerda, com efeito, para marcar um golaço e silenciar o Diego Armando Maradona. Kvaratskhelia teve a chance de ser o herói do título, mas parou em mais uma ótima defesa de Ochoa.