Mundo das Palavras

NAS RUAS, NOSSAS ESPERANÇAS

Confira a coluna semanal Mundo das Palavras, assinada pelo jornalista e professor doutor Oswaldo Coimbra

As grandes manifestações públicas
registradas nas capitais brasileiras padecem de um mal, do ponto de vista da
sua eficiência como legítima pressão da população em busca de transformação da
realidade nacional atual.  Suas
reivindicações surgiram de modo difuso, quando se tornou claro que vão muito
além da recusa ao aumento do preço de passagens nos transportes coletivos. Não
tem, na formulação daquilo que querem atingir, a mesma precisão do movimento
dos caras pintadas de 1992, quando para as ruas do país foram um número
semelhante de pessoas. Os caras pintadas queriam a renúncia do presidente
Fernando Collor.
Ponto final. E a
conseguiram porque concentraram sua enorme força na conquista disto. 

No entanto, ninguém tem dúvidas de que as
manifestações recentes do Brasil  expressam um fenômeno registrado em muitos
países, onde nos últimos anos ele também vêm ocorrendo, por meio de
manifestações iguais. Trata-se do completo desgaste das formas de representação
política tradicionais. Um fenômeno impressionante porque surgiu poucas décadas
após o fracasso da grande experiência de renovação da política contemporânea, a
das sociedades socialistas.

Poucos hoje, é verdade, sonham com esta
experiência buscada por tantos idealistas que, infelizmente, desembocou em regimes
autoritários. Por outro lado, como mostram as manifestações públicas atuais, poucos
hoje, é verdade também, parecem satisfeitos com a preservação do regime
político no qual vivemos, dentro do qual o socialismo chegou a representar uma
esperança de alteração. 

Hoje, surpreendentemente, esta esperança é
alimentada por um avanço tecnológico. Aquele que, por meio da internet,
permitiu a criação das chamadas redes sociais. 
Este avanço acaba de nos trazer duas grandes revelações. A de que já não
existe mais aquela impossibilidade que colocava nossa gente totalmente à mercê
dos políticos corruptos e mal intencionados:  a impossibilidade de mobilização de uma
população grande e espalhada por um imenso território. E a de que, afinal, os
brasileiros não são passivos diante da podridão política, como antes parecemos
ser.       

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