Nathan, meia-atacante do Atlético-MG, revelou bastidores da passagem do técnico venezuelano Rafael Dudamel pelo clube, que durou apenas dois meses em no início de 2020. Segundo o jogador, o elenco estava insatisfeito com o treinador tanto pela condução do vestiário quanto em termos táticos. O treinador acabou demitido após o Atlético ser eliminado da Copa Sul-Americana pelo Unión La Calera-CHI e da Copa do Brasil pelo Afogados-PE.
"O Dudamel era um cara que às vezes queria muito mandar, mandar, mandar, deixava a gente trancado no CT e tal. Tem alguns jogadores que não gostam disso e acabavam ficando de saco cheio: Pô, o cara quer mandar em tudo", afirmou Nathan em entrevista à TV Record, antes de dar detalhes sobre o que seriam as regras que irritaram os atletas.
"Só podia almoçar no horário que ele queria. E tem alguns jogadores que gostavam de fazer academia depois do treino. Acabava o treino, e queriam ir para a academia, mas não podiam ir para a academia, porque tinham que estar meio-dia na hora do almoço. Só que o treino acabava tipo 11h40, por exemplo. Tinha que tomar banho rapidão para subir e almoçar. Se não chegasse meio-dia, ganhava multa", contou o meia.
Quanto à tática, Dudamel mudou a forma de jogar utilizada pela equipe anteriormente, do 4-2-3-1 para o 4-3-3, com Zé Welison, Jair e Allan no meio. A mudança teria tirado os jogadores da zona de conforto e, mesmo quando eles cumpriam as ordens do técnico, acabavam ficando confusos.
"A gente era acostumado, era bitolado, a só fazer um esquema, só jogar de um jeito. Aí chega um técnico e quer que a gente jogue de outro jeito. Aí alguns jogadores já começam a não gostar, e o técnico gostava de bater de frente. Ele chegou e, do dia para a noite, e pum: mudou tudo. A gente não entendia muito bem o esquema tático. Ele falava para fazer uma coisa. Aí a gente fazia. E depois ele falava para fazer outra, depois falava para fazer outra. Essas coisas que não deixava muito clara para a gente", relatou Nathan.
Dudamel comandou o Atlético em apenas dez jogos, com aproveitamento de 53,3% de aproveitamento (quatro vitórias, quatro derrotas e dois empates). A equipe marcou 13 gols e sofreu oito neste período. Além das eliminações vexatórias, o clube também estava ameaçado de não se classificar para as semifinais do Campeonato Mineiro.