A desvalorização do real tem impactado as margens da Natura e a expectativa é de manutenção do cenário de alta volatilidade e pressão pela frente, afirmou há pouco em teleconferência com jornalistas o vice-presidente de Finanças e Relações Institucionais da Natura, José Roberto Lettiere. Ele avaliou, porém, que a companhia busca ofuscar esse impacto com reduções na linha de despesas gerais e administrativas.
“O câmbio continuará sendo volátil e acreditamos que o patamar de dólar em torno dos R$ 4 será visto também no quarto trimestre”, comentou. Ele lembrou que cerca de 40% do custo de mercadorias vendidas na Natura está direta ou indiretamente atrelado à moeda norte-americana. “O cenário segue sendo desafiador, mas acho que estamos bem armados para enfrentá-lo”, ponderou.
O câmbio e o aumento de impostos tem pesado nos resultados e, embora a companhia tenha elevado os preços ao consumidor este ano, a margem bruta caiu 1,8 ponto porcentual no trimestre ante igual período do ano anterior, para 69%. Considerando apenas a operação brasileira, a queda na margem foi de 2,7 pontos porcentuais, para 67,8%.
De acordo com Lettiere, os preços médios na Natura estão 6% mais altos no terceiro trimestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em paralelo, a empresa tem buscado corte de despesas para reduzir a perda nas margens.
“Estamos muito focados em gestão de processos, integrando mais processos como o planejamento de demanda e a produção”, disse, descartando que a empresa tenha promovido novas ondas de demissões após cortes anunciados em março. “Estamos conseguindo comprar matérias primas de forma mais produtiva, otimizar lotes de compra e melhorar a gestão de estoques”, acrescentou.
Além desse efeito, Lettiere considerou que a companhia tem uma proteção natural das variações cambiais em razão de possuir operações internacionais. De acordo com ele, esse “hedge natural” reduz pela metade a exposição do custo de mercadorias vendidas da companhia ao câmbio.