A produção industrial apresentou queda em abril, segundo a pesquisa Sondagem Industrial divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de evolução da produção ficou em 46,5 pontos, abaixo dos 50 pontos, linha que divide a queda e o crescimento da produção na comparação com o mês anterior. Em março, o indicador ficou em 54,4 pontos.
Apesar da queda, esse comportamento, segundo a CNI, é esperado para o mês. A média história para meses de abril do índice de evolução da produção é de 46,5 pontos. "Isso indica que a queda de 2022 está de acordo com padrão histórico", destaca a CNI.
O emprego industrial também recuou em abril em relação ao mês anterior. O índice de evolução do número de empregados ficou em 49,5 pontos, pouco abaixo da linha divisória. Em março, o índice tinha ficado em 50,1 pontos.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se estável em 69% em abril, mesmo porcentual registrado em março. De acordo com dados da CNI, a UCI de abril é um ponto porcentual superior ao índice médio dos meses de abril desde o início da série mensal, em 2011, com exceção de abril de 2020, quando a UCI foi de 49% em razão da pandemia.
Já o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual registrou 43,3 pontos em abril, uma queda de 2,4 pontos em relação ao mês anterior. "Esse resultado indica que a utilização da capacidade instalada permanece menor que a usual para o mês."
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, avalia que a produtividade da indústria está muito baixa e que uma das explicações para a alta da UCI é a desorganização das cadeias globais de valor, efeito da crise econômica provocada, num primeiro momento, pela Covid, mas aprofundada pela guerra iniciada pela Rússia.
"Como a produção não está acompanhando, provavelmente o aumento da UCI está relacionada com as dificuldades e às incertezas no acesso à matéria-prima, com atraso nas entregas e preços elevados", diz Marcelo Azevedo.
Com relação ao nível de estoques de produtos finais na indústria, a pesquisa aponta que não houve alteração de março para abril. O índice de evolução de estoques ficou em 50 pontos. O índice de estoque efetivo em relação ao usual passou de 50,3 pontos para 50,6 pontos, o que, segundo a CNI, "mostra que os estoques seguem relativamente ajustados". "Não obstante, o resultado revela frustração dos empresários, pois o nível de estoques se afastou do planejado", diz a sondagem.
<b>Expectativas</b>
Com relação às expectativas dos empresários da indústria, todos os índices de maio mostram perspectivas positivas, apesar de o otimismo ter se reduzido no caso da demanda e da quantidade exportada.
O índice que mede expectativa de demanda ficou em 57,3 pontos e o índice de expectativa de exportação registrou 54,3 pontos. Nos dois casos, queda de 0,9 ponto em relação ao mês anterior. O indicador que mede expectativa de compras de matérias-primas foi de 55,6 pontos, resultado praticamente estável – 0,1 ponto menor que em abril. O indicador de expectativa de número de empregados ficou em 52,8 pontos, também um recuo de 0,1 ponto na mesma base de comparação.
Com relação à intenção de investimento, o índice chegou a 56,1 pontos, uma queda de 0,5 ponto em relação a abril. "O resultado ainda mostra intenção de investir relativamente elevada, pois o índice permanece acima da média histórica de 51,1 pontos. Ressalte-se, contudo, que o índice é o menor desde maio de 2021, quando o índice ficou em 55,8 pontos", destaca a pesquisa.
A pesquisa foi feita de 2 a 10 de maio, com 1.839 empresas, sendo 740 de pequeno porte, 641 de médio porte e 458 de grande porte.