Política

Negligência da Secretaria Municipal da Saúde contribuiu com mortes, afirmam vereadores

Vigilância Sanitária Municipal apontou problemas em fevereiro mas nada foi feito

A ausência de obras para consertar as falhas do Hospital Municipal da Criança (HMC) pode ter contribuido com a morte de 14 crianças em dois meses. Essa é a opinião dos vereadores-médicos Eduardo Carneiro (PSL), José Mário (PTN) e Ricardo Rui (PPS). Em fevereiro, a Vigilância Sanitária Municipal notificou falhas no HMC, mas parte delas não foi corrigida pela Secretaria Municipal da Saúde.

Desde 6 de junho, Carneiro tenta coletar 11 assinaturas entre 34 vereadores para instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as causas das mortes. Até ontem, somente oito parlamentares se manifestaram a favor da investigação. Na terça-feira, Carneiro entregou um dôssie aos colegas com diversos documentos.

Os vereadores-médicos criticam o secretário de Saúde e vice-prefeito Carlos Derman (PT) por ter recebido a solicitação da diretora do HMC, Heloísa Helena, de que ajustes na estrutura do hospital precisavam ser feitas e não teria atendido as reivindicações. "Não há como dizer que não existe parcela de culpa (da Prefeitura) nos óbitos. Houve negligência", diz Carneiro.

Leia aqui o que já publicamos sobres os problemas no HMC

Se não conseguir mais três assinaturas na sessão desta quinta-feira, os favoráveis a CEI terão que esperar até a volta dos trabalhos da Câmara em agosto. José Mário afirma que os vereadores devem deixar de lado os interesses pessoais.

Para o prefeito Sebastião Almeida (PT), a proposta da CEI tem interesse eleitoreiro de adiantar a disputa de 2012. "Nenhum dos óbitos foi por infecção hospitalar. Só vai para a UTI quem está com grandes riscos. A Secretaria está tomando todas as providências", afirma.

Hoje completa um mês que o Centro de Vigilância Sanitária (CVS), órgão vinculado a Secretaria de Estado da Saúde, interditou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HMC por diversas falhas. No local ocorreram 12 óbitos. A Secretaria Municipal prometeu na época a reforma da UTI em 10 dias para sanar os erros. Ontem, Almeida (PT), confirmou que a UTI não tinha prazo para ser reaberta.

Pedido de CEI faz parlamentares mudarem de posição

A proposta de instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as 14 mortes no Hospital Municipal da Criança (HMC), das quais 12 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fez com que alguns vereadores mudassem de posição na Câmara.

A vereadora Helena Sena (PSC), que era líder do Centrão, retornou à base governista por não concordar com a investigação. Os vereadores Geraldo Celestino (PSDB) e Romildo Santos (PSDB), ambos da Oposição, se alinharam ao Governo e declararam que não concordam com a CEI.

Já o vereador Ricardo Rui (PPS) – um dos oito favoráveis a CEI – afirma que pode deixar a Oposição para ingressar no Centrão. Ele diz que está incomodado com a postura de Celestino e Romildo de não criticarem o Governo pelas mortes. "Estamos sem oposição na Câmara. O Centrão aparece mais do que nós", diz.

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