Os negociadores da Organização das Nações Unidas (ONU) produziram nesta sexta-feira um primeiro rascunho do que, eventualmente, deve se tornar um acordo climático importante na reunião de dezembro de 2015, que deverá ocorrer em Paris.
Foram incluídas sugestões para garantir que o documento reflita os desejos de todos os países.
Por isso, em vez de encolher para um tamanho mais gerenciável, o texto de 38 páginas escrito a partir de uma reunião anterior sobre mudança climática aumentou para 86 páginas, durante a sessão de negociação desta semana em Genebra.
“Estávamos esperando ver um texto mais conciso”, disse Ilze Pruse, um delegado da União Europeia.
Outros disseram que o principal aspecto era o de garantir que todos os países sentissem que seus pontos de vista foram refletidos, algo que muitos países em desenvolvimento têm insistido desde que a tentativa de 2009 para forjar um acordo global fracassou em Copenhague.
“Depois de anos de falsos começos e promessas quebradas, restaurar a propriedade e a confiança no processo não é uma conquista pequena. E eu acho que já percorremos um longo caminho para fazer isso”, disse Ahmed Sareer, um delegado das Maldivas que representa uma aliança de ilha Unidas.
Não há expectativa de que o acordo de Paris evite as mudanças climáticas, mas seria a primeira vez que todos os países concordam em fazer algo sobre isso. Anteriormente, apenas os países ricos se comprometeram a limitar suas emissões de gases de aquecimento global, principalmente o dióxido de carbono, que vem da queima de carvão, petróleo e gás.
Os negociadores agora têm 10 meses para lidar com questões importantes, como, por exemplo, a forma de compartilhar os cortes de emissões. Segundo cientistas, essas reduções são necessárias para garantir que as alterações climáticas não atinjam níveis perigosos. As mudanças no clima já estão ocorrendo e podem piorar, levando à inundação de áreas costeiras, crises hídricas e propagação de doenças.
O especialista em clima do Greenpeace, Martin Kaiser, disse que os “países não conseguiram agarrar o touro pelos chifres”. Mas muitos ativistas ambientais estavam otimistas, já que o texto inchado significava que suas próprias ideias sobreviveram, incluindo metas de longo prazo para a supressão gradual das emissões de combustíveis fósseis.
A maior parte das emissões de hoje vem de países em desenvolvimento, liderados pela China, mas historicamente, a maioria tem origem em nações ocidentais que se industrializaram anteriormente.
Cada lado pensa que o outro deve fazer mais e isso se refletiu no projeto de Genebra. Os EUA e outros países ricos adicionaram partes sublinhando a necessidade de todos os países participarem, enquanto os países em desenvolvimento apresentaram demandas de ajuda financeira para lidar com as mudanças climáticas.
A chefe de questões climáticas da ONU, Christiana Figueres, reconheceu que o leque de opções e sub-opções no projeto significa que os governos têm muito trabalho pela frente. Mas ela afirmou também que era importante iniciar as negociações com um texto que cobre as preocupações de todos.
“Não há um país que quer ser deixado para trás por um acordo que terá um impacto sobre o seu futuro”, disse ela. Fonte: Associated Press.