Disparos de foguetes da Faixa de Gaza em direção a Israel foram retomados na noite de sábado, após uma pausa de algumas horas, apesar das ameaças de líderes israelenses de retaliação. As tensões em Jerusalém com confrontos entre palestinos e a polícia israelense e grupos judaicos de extrema direita – mesmo após os pedidos de calma do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu – provocaram a violência mais pesada na fronteira entre Israel e Gaza em meses.
Militantes dispararam um foguete contra a cidade de Sderot, no sul de Israel, e foi interceptado por defesas aéreas, disseram os militares. No início do dia, militantes na Faixa de Gaza tinham disparado cerca de três dúzias de foguetes contra Israel, enquanto os militares israelenses contra-atacaram alvos operados pelo grupo que controla Gaza, o Hamas.
A chuva de foguetes ocorreu após centenas de palestinos entrarem em confronto com a polícia israelense em Jerusalém Oriental. Os confrontos, nos quais pelo menos quatro policiais e seis manifestantes ficaram feridos, se tornaram uma ocorrência frequente durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, que começou há duas semanas.
Netanyahu disse que conversou com altos funcionários de segurança sobre Gaza e Jerusalém. Ele disse que instruiu as autoridades a estarem prontas para "todos os cenários" em Gaza. Em Jerusalém, ele disse que Israel garantiria "liberdade de culto" para todos e pediu calma. "Pedimos agora que as pessoas obedeçam à lei e eu peço um apaziguamento de temperamentos de todos os lados."
Jerusalém, lar de locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, há muito é um ponto crítico no conflito israelense-palestino. Em 2014, tensões semelhantes explodiram em uma guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas.
Em Jerusalém Oriental, um setor palestino ocupado e anexado por Israel, as tensões começaram quando a polícia colocou barricadas fora do Portão de Damasco, na Cidade Velha, um dos principais meios de acesso à Esplanada das Mesquitas e onde os muçulmanos tradicionalmente se reúnem para aproveitar a noite após o jejum diurno feito durante do Ramadã.
Os confrontos se intensificaram na noite de quinta-feira, quando centenas de palestinos atiraram pedras e garrafas contra a polícia, que disparou um canhão dágua e bombas de gás para dispersá-los. Dezenas de palestinos ficaram feridos na confusão. Ao mesmo tempo, um grupo judeu de extrema direita conhecido como Lahava liderou uma marcha gritando "saiam os árabes!" em direção ao Portão de Damasco.
O grupo, liderado por um discípulo do rabino racista Meir Kahane, é aliado de alguns integrantes de um partido de extrema direita eleito para o Parlamento de Israel no mês passado.
A demonstração de força veio em resposta aos vídeos que circularam no TikTok mostrando palestinos batendo em judeus religiosos aleatoriamente. Outros vídeos feitos em resposta a esses parecem mostrar judeus atacando árabes.
Ao todo, a polícia disse que 44 pessoas foram presas e 20 policiais ficaram feridos.
As barricadas foram removidas na noite deste domingo do Portão de Damasco e palestinos celebraram a reabertura do local. A tensão, porém, continuava alta com bate-bocas entre agentes e jovens, além de algumas prisões. (Com agências internacionais)