Estadão

Único grupo com deflação no IPCA, Vestuário cai 0,27% e ajuda variação geral

A desaceleração da inflação na passagem de dezembro do ano passado para janeiro teve a ajuda de preços mais comportados nos itens de vestuário, de saúde e beleza, mostram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo Vestuário caiu 0,27%, único dos nove grupos de bens e serviços pesquisados pelo IBGE com variação negativa. Foi a primeira queda após 23 meses de alta.

Segundo Pedro Kislanov, gerente do IPCA do IBGE, o alívio nos preços do vestuário veio de promoções, típicas no início do ano, especialmente nas roupas femininas. Apesar da sazonalidade das promoções, a pandemia trouxe impactos inéditos, pois os 23 meses seguidos de alta nos preços de vestuário foi puxado por encarecimento de insumos, como algodão, custos gerais mais elevados e uma recomposição da demanda, reprimida por causa do isolamento social, disse Kislanov.

A última queda nos preços médios desse grupo havia sido de 0,07%, em janeiro de 2021.

"Contribuíram para o resultado do mês principalmente as roupas femininas (-1,37%) e, em menor escala, as roupas masculinas (-0,11%) e infantis (-0,21%). Os preços dos calçados e acessórios (0,73%), por outro lado, seguiram em alta, embora esta tenha sido menos intensa que a do mês anterior (1,09%)", diz a nota divulgada pelo IBGE.

Também contribuiu para a queda na taxa de inflação a forte desaceleração do grupo Saúde e cuidados pessoais, que avançou apenas 0,16% no IPCA de janeiro, ante uma alta de 1,60% em dezembro de 2022.

O destaque, segundo o IBGE, foi o recuo de 1,26% nos preços dos itens de higiene pessoal. Os preços dos perfumes e dos artigos de maquiagem caíram 5,86% e 1,51%, respectivamente. O perfume tirou 0,06 ponto porcentual da variação agregada do IPCA, maior impacto negativo. De acordo com Kislanov, assim como no caso das roupas, as promoções fizeram a diferença em janeiro.

Ainda no grupo Saúde e cuidados pessoais, mas na contramão da desaceleração, o plano de saúde ficou 1,21% mais caro, porque "segue incorporando a fração mensal dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023". Com isso, foi uma das maiores contribuições positivas do IPCA de janeiro, com impacto de 0,04 p.p. na variação agregada.

No conjunto de sinais de alívio para a inflação, Kislanov destacou que, mesmo a gasolina, que subiu 0,83% no IPCA de janeiro, ainda acumula queda de 24,3% de queda em 12 meses.

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