A Nippon Steel e seus integrantes no conselho de administração da Usiminas enviaram nesta terça-feira, 02, um pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de investigação dos “atos da Ternium, assim como dos membros do conselho de administração da Usiminas por ela indicados”.
Em comunicado, a companhia japonesa diz que considera que a companhia argentina, assim como seus conselheiros, não estão agindo em favor dos melhores interesses da Usiminas. “O esforço do grupo Ternium em tentar readmitir os executivos destituídos, assim como a tentativa de trazer às reuniões do conselho de administração da Usiminas a consultoria prestada à Nippon Steel & Sumitomo Metal pelo presidente do conselho de administração, Paulo Penido, reforçam esta postura”, afirma a companhia.
A tentativa de levar o assunto do presidente do conselho às reuniões do colegiado, que cita a Nippon, refere-se à tentativa dos conselheiros ligados à Ternium de tentar colocar na pauta da reunião um pedido de análise do contrato de Penido com a Nippon, assim como as “medidas cabíveis”. O pedido, no entanto, não foi acatado por ter desrespeitado o prazo legal para inclusão de assunto na pauta da reunião, apesar de três conselheiros terem apoiado, apurou a reportagem.
“Sobre o contrato de consultoria existente com o Sr. Paulo Penido, a Nippon Steel & Sumitomo Metal informa que o tema já foi seguidamente submetido à CVM. Tanto a autarquia quanto o seu colegiado entenderam que o trabalho de consultoria prestado à Nippon Steel & Sumitomo Metal pelo Sr. Paulo Penido não tem qualquer influência nos atos praticados pelo executivo no papel de presidente do conselho de administração”, diz a siderúrgica japonesa, no documento. A companhia diz ainda que esse contrato foi avaliado e aprovado pela própria Ternium, antes de ser firmado.
A Nippon destaca que está tentando resolver o conflito com sua sócia na Usiminas. A briga entre as duas companhias veio à tona no fim de setembro, quando foi decidida pela destituição de três executivos, que haviam sido indicados pela Ternium. A Nippon alega que houve quebra de confiança, já que a decisão pela destituição ocorreu porque os executivos afastados teriam recebido bônus de forma irregular. A Ternium, por sua vez, rechaça essa acusação. A companhia também briga na Justiça para tentar reverter a destituição dos três executivos e justifica que houve quebra do acordo de acionistas, já que o mesmo prevê que para a destituição era necessário consenso. Além de Julián Eguren (presidente), foram afastados o diretor vice-presidente de subsidiárias, Paolo Bassetti, e o diretor vice-presidente industrial, Marcelo Chara.
A Nippon diz que a prova de que estava buscando um acordo foi que apresentou uma lista de possíveis candidatos para a diretoria executiva em 22 e 29 de setembro de 2014, 30 de outubro de 2014 e 25 de novembro de 2014, e disse que informou à Ternium “flexibilidade para discutir os nomes sugeridos e outros possíveis indicados”.
“A Ternium não havia se manifestado sobre o tema até 25 de novembro, quando propôs uma nova lista, que incluía o retorno de um dos executivos destituídos, o Sr. Marcelo Chara. Infelizmente, os dois grupos não chegaram a um consenso acerca de suas listas de candidatos. A Nippon Steel & Sumitomo Metal não pôde aceitar o retorno de um executivo afastado por recebimento de valores indevidos”, diz a Nippon.
A Nippon destaca, no mesmo documento, que sempre buscou consenso entre os signatários do acordo de acionistas, mas disse que é necessária a adoção de mecanismos de resolução de impasse “ou outros procedimentos alternativos para situações especiais como a nomeação do diretor-presidente, a fim de evitar cenários semelhantes ao enfrentado recentemente”. No entanto, a Nippon informa que a Ternium não concordou.
Procurada, a Ternium não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.