Em depoimento à CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi disse nesta terça-feira ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro por cerca de quatro vezes, mas que não houve reuniões particulares com o chefe da República. Nise então foi confrontada com o dado do grupo de checagem do Senado, de que ela teria se encontrado com Bolsonaro, sozinha, no dia 15 de maio. Nise respondeu não se recordar e reafirmou que nunca esteve com o presidente nessa condição.
Ela lembrou ainda que participou de uma reunião com o comitê interministerial, presidido pelo ministro Walter Braga Netto, na qual participaram também o ministro da Saúde e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O relator Renan Calheiros a questionou sobre informações em posse da CPI de que a médica esteve em visitas não oficiais ao Ministério da Saúde em cinco oportunidades, em 6 de abril, 10 de junho, 12 de junho, 2 de julho e 30 de dezembro do ano passado. A médica respondeu que precisaria checar essas datas, mas confirmou desde já o encontro no dia 6 de abril, que, segundo ela, foi para discutir o tratamento precoce para a covid-19.
<b>Bate-boca</b>
A CPI da Covid teve um novo bate boca durante os trabalhos desta terça-feira. As discussões desta vez foram iniciadas pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM) que, após ouvir um vídeo onde a médica Nise Yamaguchi defendeu que com o tratamento precoce contra covid-19, não seria necessário uma vacinação "aleatória" da população, pediu a população que desconsiderasse as falas da médica.
Confrontada com o vídeo, a médica voltou a afirmar que não se deve vacinar "aleatoriamente" dizendo que a vacinação contra a doença seria a única opção contra a doença. Aziz então interrompeu a médica pedindo que a população que acompanha a CPI desconsiderasse as falas da doutora com relação à vacina.
"Quem está nos vendo neste momento, eu peço que desconsidere essas questões que ela disse aqui em relação à vacina. Desconsidere o que ela está dizendo em relação à vacina, ela não está certa" disse Aziz. "A sua voz calma, a sua forma de falar, convence as pessoas como se a senhora estivesse falando a verdade. infelizmente, doutora Nise, o que os seus colegas me falaram eu retiro completamente, eles estão totalmente equivocados em relação a senhora. A senhora está omitindo aqui muita coisa", afirmou Aziz, alertando a médica que ela será convocada novamente à CPI.
No meio do bate-boca, a senadora Leila Barros (PSB-DF) pediu "um grau de tranquilidade" para os senadores que questionavam a médica. Leila afirmou que a doutora não conseguia completar nenhum raciocínio. "Vocês sabem o lado que eu estou, mas quem está acompanhando, o que a gente percebe, é que existe uma ansiedade muito grande pelas respostas da depoente", afirmou Leila.
Já o líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) se manifestou, no Twitter, sobre as interrupções realizadas pelos senadores da CPI da Covid durante depoimento da médica. E mostrou opinião diferente de Leila Barros.
"Tenho uma vida na defesa das mulheres, como é reconhecido pelas colegas da bancada feminina, mas não podemos confundir interrupções por mentiras flagrantes e interrupção por desrespeito às mulheres. Dra Nise mente, omite e desinforma. Não é questão de gênero, mas de honestidade", escreveu.