Em fevereiro de 2021, quando a aceleração de preços começava a pesar novamente no bolso dos brasileiros, o economista Gilberto Nogueira, mais conhecido como Gil do Vigor, já estava confinado na casa do Big Brother Brasil, mas parecia adivinhar que o tema da inflação voltava a preocupar do lado de fora. Em uma conversa com outros participantes, explicou de forma didática o que alimenta a inflação e por que ela é um obstáculo à tentação de adotar a saída mais fácil: simplesmente imprimir dinheiro para resolver todos os problemas do País.
A habilidade de transmitir conceitos complexos de forma simples não só conquistaram os fãs "vigorosos" de Gil, mas também atraíram a atenção de economistas e abriram as portas para que ele continuasse explorando esse nicho após deixar o programa.
Depois de suas explicações dentro do BBB viralizarem, ele ganhou um quadro semanal no programa Mais Você, para tirar dúvidas da população, e faz publicações quinzenais sobre temas econômicos e políticos em sua conta no Instagram, onde tem mais de 14 milhões de seguidores. O primeiro episódio de "O Brasil tá lascado", sobre negacionismo na pandemia, já teve 2,8 milhões de visualizações.
Do lado de fora da casa, Gil avisou que seu sonho era ser presidente do Banco Central – e gerou reação imediata. "Ficaremos alegres em contar com o seu vigor em nossa equipe. Seguimos juntos falando de economia aqui do lado de fora?", escreveu o BC, em maio. Ex-presidente do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn se prontificou a conversar com Gil. "Ele é hoje o economista mais famoso do Brasil", disse.
Gilberto Nogueira é economista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde também fez mestrado e doutorado. Ele ingressou no BBB como candidato a PhD e saiu já com bolsa garantida para estudar na Universidade da Califórnia em Davis (EUA), sua primeira opção para continuar a carreira acadêmica.
Sua pesquisa é voltada para o estudo dos efeitos da intervenção do governo sobre a violência gerada pelos mercados de drogas. Uma das perguntas que Gil buscou responder é como o traficante, de atacado ou varejo, reage à repressão do Estado. As evidências, obtidas após muitos cálculos e emprego de modelos econômicos, apontam maior efetividade da repressão quando ela é aplicada no atacado – isto é, tendo como alvo grandes distribuidores.
De malas prontas para os Estados Unidos, o economista busca agora expandir sua área de conhecimento. Quer entender mais do mundo público, subsidiar políticas e também entrar na pesquisa de crimes contra a comunidade LGBTQIA+. "É gostoso estudar economia porque a gente começa a entender tanta coisa. E fazemos com que as pessoas também consumam um pouquinho disso", diz.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>