Em meio aos embates entre governo e Banco Central (BC) em torno da taxa básica de juros, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria de Política Monetária do BC, afirmou que "nenhum economista" pode impor o que entende ser o destino do País "à revelia da vontade democrática".
Para o ex-secretário executivo da Fazenda, a importância do cargo está implícita na necessidade de indicação do presidente da República e sabatina pelo Senado.
"Durante muito tempo, nós, economistas, usamos a necessidade de debate técnico para tentar interditar o espaço da economia para o debate democrático ou público. Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser destino econômico do País, à revelia da vontade democrática", disse, antes de encerrar seu discurso inicial na sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
<b>Dívida</b>
Um pouco antes, Galípolo destacou que a "única solução" para a dívida pública brasileira é o País crescer, considerando um cenário de baixo crescimento potencial, de 1,5% a 1,6%, e um juro neutro estimado em 4,5%. "Com esse cenário, por mais sofisticado que seja o modelo, a relação dívida/PIB não vai apresentar bom comportamento. A única solução é crescer", disse, destacando que o crescimento não depende apenas de questão externa.
Para crescer, Galípolo defendeu que é preciso continuar a agenda econômica que o Ministério da Fazenda tem capitaneado, com a chancela do Congresso e do Judiciário. "Todas as medidas que foram tomadas, já com a queda dos juros futuros, vêm contribuindo para um cenário que pode estimular investimentos e crescimento."
Sobre a missão à frente da diretoria de Política Monetária, disse que é uma função "absolutamente estratégica", que trata de pontos fundamentais para a formação de preços-chave da economia, como juros e câmbio. "Vou enfrentar o desafio socorrido pela excelência do corpo técnico do BC e pela excelência e pelo trabalho daqueles que me precederam."