No início de 2019 a cidade de Guarulhos começou a reparar uma dívida histórica com sua população, que se arrastava há pelo menos três décadas: o rodízio de água, que em alguns bairros prejudicava o abastecimento por até uma semana. Em janeiro daquele ano a Prefeitura assinou um contrato com a Sabesp, que garantiu que a cidade estaria livre do problema no mesmo ano, e assim foi feito. Em dezembro, 100% da cidade já recebia água em suas torneiras todos os dias.
Quando a atual administração assumiu a Prefeitura, em janeiro de 2017, nada menos que 92% do município sofria com o rodízio e, somente ao longo dos cem primeiros dias, a Sabesp passou a disponibilizar água diariamente em cerca de 30 regiões, como Centro, Vila Galvão, Gopoúva, Jardim Bom Clima, Cocaia, Vila Rio de Janeiro, Vila Augusta, Parque Continental e Taboão, entre outras.
De acordo com a ONU, cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável, situação que inexiste em Guarulhos. Neste Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o tema vem ganhando cada vez mais importância, já que as Nações Unidas estimam que a escassez do precioso líquido deverá aumentar nos próximos anos no planeta.
Moradora do Parque Residencial Bambi há 18 anos, a dona de casa Lucia Aparecida da Silva Guimarães lembrou a difícil época em que abria as torneiras de sua casa e o que saía era apenas ar. “Ver a caixa d´água cheia depois de tanto tempo sofrendo é motivo de muita alegria e alívio para todos nós aqui do bairro”, comentou.
O padrão de abastecimento na maior parte do município era água dia sim, dia não, mas em períodos quentes, de alto consumo, ele era interrompido mais cedo, muitas vezes antes de o morador chegar do trabalho. “Isso dificultava muito o dia a dia aqui em casa, pois não tínhamos a liberdade para lavar roupa, louça ou até mesmo limpar o quintal e fazer comida sem precisar racionar. Se a gente utilizasse uma quantidade a mais de água poderia impactar nos dias em que ela não vinha e acabávamos ficando sem”, lembra a dona de casa Elisabete Andrade, moradora do Jardim Guilhermino (região do Pimentas) há 27 anos.
Tambores de plástico e galões para armazenar água eram o que salvava a população de Guarulhos nos dias em que não havia água em determinado bairro ou se houvesse algum imprevisto, como uma quebra na rede adutora. “Hoje o sistema está muito melhor, uma maravilha, não temos mais o tambor aqui no quintal. A água é um dos nossos bens mais preciosos, e ter ela todos os dias na torneira nos traz mais tranquilidade”, afirma a aposentada Maria Aparecida dos Santos, que reside em Bonsucesso desde o início dos anos 2000.
Investimentos permanentes
Mesmo com o fim do rodízio de água o investimento para melhorar de forma constante o abastecimento em Guarulhos permanece. Uma das principais obras em andamento é a triplicação do reservatório localizado no Jardim Centenário, que beneficiará 19 bairros da região do Pimentas já no segundo semestre deste ano. A reservação passará de 5 milhões para 15 milhões de litros de água, em uma obra de R$ 28 milhões que beneficiará uma população estimada em 200 mil pessoas.
Outra importante intervenção é a adutora de 1,5 km que liga a cidade de Itaquaquecetuba ao bairro de Bonsucesso, que irá aumentar ainda neste ano a oferta de água em 100 litros por segundo, o suficiente para abastecer uma população de 30 mil pessoas por dia e o equivalente ao produzido pela Estação e Tratamento de Água (ETA) Tanque Grande, em Guarulhos. Trata-se de uma região em constante expansão de moradores e empresas e a obra dará mais segurança aos que decidirem investir no bairro.