Estadão

No EUA, quebra do SVB acende temor sobre corrida por saques bancários

A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) acendeu dúvidas sobre a saúde de bancos regionais americanos, diante de temores de que o episódio deflagre uma corrida por retirada de depósitos que poderia ativar um efeito dominó no setor bancário dos Estados Unidos.

Nas redes sociais, circulam vídeos que mostram grandes filas em agências do First Republic Bank na Califórnia. Na sexta-feira, 10, a instituição financeira tentou acalmar o mercado por meio de um comunicado em garante a solidez dos negócios. "A base de depósitos do First Republic Bank é forte e muito bem diversificada", diz a nota.

O banco também assegurou ter forte posição de liquidez e ressaltou que o setor de tecnologia representa apenas uma fração do total de clientes. "O First Republic manteve consistentemente uma forte posição de capital com níveis de capital significativamente mais elevados do que os requisitos regulamentados para ser considerado bem capitalizado", destacou.

Na mesma linha, o Western Alliance Bank alegou ter depósitos "fortes" e liquidez "robusta". "A qualidade dos ativos continua excelente e não tivemos mudanças significativas desde o final do ano", disse.

Os dois bancos estiveram entre as maiores perdas das bolsas de Nova York no pregão da última sexta-feira, em meio ao noticiário sobre o SVB. Segundo a <i>Bloomberg</b>, o Federal Reserve (Fed) e outros reguladores podem implementar um programa de garantia de depósitos se outras instituições quebrarem na esteira do banco californiano.

Autoridades e analistas consideram fundamental para o sistema bancário que todos os depósitos sejam garantidos. No Twitter, o operador Boris Schlossberg, da BK Asset Management, alertou que, se isso não ocorrer, sobrarão apenas quatro bancos nos EUA: JPMorgan, Citigroup, Bank of America e Wells Fargo.

<b>Crise de 2018</b>

O Jefferies avalia que o colapso do Silicon Valley Bank não representa o início de um evento semelhante à crise financeira de 2008, quando havia excesso de alavancagem em Wall Street e grandes posições em ativos pouco líquidos.

Segundo carta aberta assinada pelos principais executivos da empresa, o banco de investimentos tem trabalhado para encontrar soluções que ajudem a adiantar os depósitos de clientes do SVB.

"Acreditamos que essas soluções devem ser necessárias apenas temporariamente porque o governo e os reguladores devem reconhecer que essas questões graves precisam ser abordadas o mais rápido possível", afirmam o CEO, Rich Handler, e o presidente da companhia, Brian Friedman, signatários do texto.

Os executivos acreditam que a crise do SVB não representa uma ameaça a todo o sistema financeiro. Para eles, a melhor solução seria uma fusão ainda hoje com outra instituição.

"Exceto por um resgate estabilizador absoluto do governo que beiraria o milagroso, é preciso haver um processo claro de como as pessoas além do limite de seguro de US$ 250.000 terão acesso ao seu dinheiro", disse, em referência ao teto fixado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC).

Os autores da carta alertam para o risco de que outros bancos anunciem, nas próximas horas, vulnerabilidades em seus balanços de ativos. Na visão dele, para lidar com isso, autoridades precisam confirmar, antes da abertura dos mercados nesta segunda-feira, 13, a robusta liquidez dos bancos e enfatizar que há instrumentos disponíveis para apoiar o setor financeiro. "Os depositantes desses bancos precisam saber que seu dinheiro está seguro", recomendaram.

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