Estadão

Não há evidência clara de que núcleo da inflação tenha atingido pico, diz presidente do BCE

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, não se comprometeu com as próximas decisões de política monetária, em discurso nesta segunda-feira, 5, no Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Lagarde, porém, apontou que as pressões sobre os preços "continuam fortes", com pressões de alta sobre o índice cheio e também o núcleo. Além disso, ela comentou que "não há evidência clara" de que o núcleo do índice de preços ao consumidor já tenha atingido seu pico.

Lagarde disse que a pressão sobre os salários ocorre no momento em que empregados buscam compensar perdas causadas pela inflação.

Em sua fala, a presidente do BCE lembrou os males causados pela inflação, sobretudo entre os mais pobres, e reafirmou o "total compromisso e determinação" de combater a inflação e conseguir que ela retorne "no momento oportuno" à meta de 2% do banco central.

Ainda segundo Lagarde, o crescimento na zona do euro "quase estagnou" no início de 2023. A atividade tem sido apoiada por preços mais baixos de energia, menos gargalos na oferta e também por estímulos fiscais, notou. Lagarde, porém, defendeu que, conforme diminui a crise de energia, os governos retirem medidas de apoio, para colaborar na frente inflacionária.

Lagarde afirmou que as próximas decisões levarão em conta os dados, a dinâmica da inflação e também a força da transmissão da política monetária. Segundo ela, os efeitos totais das medidas de política já adotadas pelo BCE "começam a se materializar".

<b>Estabilidade financeira</b>

A presidente do Banco Central Europeu afirmou também que a estabilidade financeira na zona do euro tem se mostrado "robusta, por enquanto". Ela complementou, porém, que a instituição continua a avaliar possíveis riscos, "levando em conta uma grande série de indicadores".

Lagarde disse que a exposição dos bancos da zona do euro ao "estresse recente no setor bancário" surgido em outras regiões, como nos Estados Unidos, "tem sido limitado". Mas ela complementou que "desafios à qualidade do financiamento e dos ativos" podem pesar na lucratividade futura. "Mais amplamente, conforme as condições financeiras apertam, teremos mais insights sobre a resiliência das empresas, famílias e bancos da zona do euro", comentou.

Segundo Lagarde, a orientação de médio prazo na política monetária permite ao BCE considerar a estabilidade financeira nas decisões de política monetária, caso isso apoie a busca da estabilidade de preços. O BCE não acredita que seja preciso fazer alguma escolha entre a estabilidade financeira e a estabilidade de preços, comentou.

Lagarde também ressaltou que, se necessário, o BCE tem instrumentos para prover liquidez ao sistema financeiro da zona do euro.

Ela disse que, para apoiar a estabilidade financeira, o Parlamento Europeu deve avançar mais para concluir a união bancária na região, bem como fortalecer políticas regulatórias para "reforçar a resiliência do setor financeiro da zona do euro".

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