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No Lollapalooza, Arctic Monkeys prova que continua um grupo coeso e unido

Uma mudança interessante ocorre quando uma banda como o Arctic Monkeys monta um show com um disco como Tranquility Base Hotel & Casino (2018) na bagagem, como fez para encerrar a primeira noite do Lollapalooza, na sexta-feira, 5. Os hits jovens de pista de dança do passado passam a ter de conviver com reflexões existenciais com toques de ficção científica e sonoridades sóbrias.

Era uma mudança que tinha sido apontada com AM, de 2013, e no caminho curioso do Last Shadow Puppets, a outra banda do vocalista e compositor Alex Turner. Se ele é quem assina a maior parte das músicas do último disco, recheado de suas marcas pessoais, no palco ainda é possível notar como o Arctic Monkeys permanece como um conjunto coeso e unido, e que não se esconde atrás do frontman talentoso.

As músicas do novo disco, como a faixa-título e The Ultracheese carregam toques densos emprestados pelo órgão no palco, e conversam bem com os rocks da juventude da banda, como I Bet You Look Good in the Dancefloor e Crying Lightning.

O show fecha a primeira parte com a viagem épica de Four Out Of Five. Star Treatment, Arabella e R U Mine fecham o bis de um show elegante e bem articulado. Boa notícia.

Os Tribalistas chegaram como uma incógnita a um festival de identidade indie tão bem definida, que teve sua abertura nesta sexta, 5. Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte, a princípio, estariam distante da proposta eletro-rock que traz a maioria das atrações desde o início da tarde. Por isso, o que aconteceria no palco e na plateia criava expectativa.

O trio lançou um primeiro disco há mais de 15 anos e jamais havia saído em turnê. Seus integrantes fizeram charme, se esconderam de entrevistas e deram a entender que o projeto era um ato isolado. Depois de um segundo álbum elogiado e com o qual lotaram estádios em 2018, lá estavam eles, tocando para dois públicos. Os fãs de 2002 e os filhos desses fãs.

Interlagos anoiteceu no momento em que eles subiram ao palco Bud. E, como se tivessem de se apresentar a uma nova audiência, abriram com Tribalistas, a música, um certo tocar de trombetas para si mesmos.

O som falhava, algo parecia estar sendo ajustado, algumas dessas falhas digitais que picotam tudo. A plateia já estava envolvida na segunda canção, Carnavália. Quando a terceira começou, o som desandou. Sumiu totalmente e depois voltou irregular, alto demais, com alguns gritos de plateia que pareciam gravados em um estádio, já que não existiam antes de o som sumir.

A canção É Você é doce, suave e faz pensar na relutância dos três em manter frequente o projeto. Arnaldo, Marisa e Carlinhos não parecem querer atender a uma demanda por Tribalistas que viria inevitavelmente. Juntos, unem três tribos (a música brasileira delicada de Marisa, a Bahia festiva de Brown e o pensamento roqueiro paulistano de Arnaldo) que fizeram surgir uma outra coisa sem nome. Não será a razão de suas vidas porque eles não querem que isso aconteça.

Foals

É difícil julgar como a saída de um integrante afeta uma banda consolidada como o Foals, mas parece que a ausência do baixista e fundador do grupo Walter Gervers fez bem para o conjunto conhecido pela rigidez de seu rock alternativo (um dos termos usados para descrevê-los é math rock). Quem fez as novas linhas de baixo, com um groove pouco visto nos discos anteriores, foi o próprio vocalista e compositor principal, Yannis Philippakis.

Everything Not Saved Will Be Lost Part 1 compõe o núcleo do show e, com as mensagens apocalípticas das letras, funde a rigidez de arranjos que marcou a carreira desde o primeiro álbum, Antidotes (2008) até What Went Down (2015), mas acrescenta as linhas de baixo mais soltas com camadas potentes de sintetizador. É visível a reinvenção de uma banda já consolidada do indie rock.

Portugal The Man

A banda começou o show com fortes mensagens políticas e a presença de brasileiros indígenas no palco. “Demarcação já!”, pediram os ativistas. Em determinado momento, público vaiou o presidente Jair Bolsonaro.

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